21 DE FEVEREIRO DE 2013
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É preciso que os portugueses saibam uma coisa: o País foi capaz de se unir na altura em que foi preciso
pedir ajuda externa. Era o Partido Socialista que governava sozinho, mas o PSD e o CDS estiveram
disponíveis, num momento tão difícil, para construir uma solução que era evitável, mas que naquele momento
foi imprescindível.
Neste momento é também inevitável e imprescindível sairmos deste Programa de Ajustamento. E é preciso
saber se, relativamente às propostas do Governo, há contrapartida de propostas da oposição,
designadamente do Partido Socialista.
Se a sétima avaliação é a chave para sairmos do Programa de Ajustamento, se o maior ativo que tivemos
até agora no Programa de Ajustamento foi o consenso nacional, quer do ponto de vista social, quer do ponto
de vista político, nós precisamos desse ativo para o usarmos na descoberta da chave para sairmos deste
problema.
É por isso que o Partido Socialista tem de responder «presente!» Não pode continuar numa estratégia
errática de querer parecer que está a querer contribuir e que os outros é que não deixam.
Venham ao debate! Apresentem as vossas soluções! O sétimo exame é decisivo para Portugal, não é
decisivo para o Governo. Por isso, é decisivo também que o Partido Socialista tenha, neste momento, uma
atitude responsável, em nome de Portugal.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado João Pinho de Almeida, inscreveram-se, para pedidos de
esclarecimento, os Srs. Deputados António Braga, do PS, Afonso Oliveira, do PSD, Paulo Sá, do PCP, Pedro
Filipe Soares, do BE, e Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
O Sr. Deputado João Pinho de Almeida informou a Mesa que responderá, primeiro, a dois Srs. Deputados
e, depois, a três.
Assim sendo, tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado António Braga.
O Sr. António Braga (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Pinho de Almeida, é verdadeiramente
espantoso que no dia em que o Sr. Ministro de Estado e das Finanças vem ao Parlamento reconhecer, em
toda a linha, o falhanço do Orçamento de 2013 e que as suas previsões macroeconómicas estão todas fora de
qualquer alinhamento, porque nem alinham, sequer, com o pensamento mais liberal que conhecemos na
Europa, o Sr. Deputado venha dizer que Portugal ganhou credibilidade com uma política alinhada neste
sentido.
Sr. Deputado João Pinho de Almeida, não precisa de fazer «cantos de sereia» para o Partido Socialista. O
Partido Socialista está disponível, como sempre esteve, para cooperar em nome de Portugal, não está é
disponível para fazer mal a Portugal ou aos portugueses, que é o que os senhores têm vindo a fazer!
Aplausos do PS.
Passados 51 dias, Sr. Deputado — ainda nem dois meses passaram! —, o Governo reconhece um
falhanço rotundo do seu Orçamento. Aliás, foi bem avisado, nomeadamente pelo Partido Socialista, de que
este era um Orçamento inexequível. E o que verificamos é que, justamente na tentativa de enganar de novo
os portugueses, o Governo diz agora, fruto de uma credibilidade que ninguém reconhece, que pode vir a
ganhar outros valores de negociação com os nossos credores.
Sr. Deputado, não vamos por esse caminho!
E quero dizer-lhe mais: o senhor não pode vir fazer este discurso de «canto de sereia» havendo uma taxa
de desemprego de 16,9% (923 000 portugueses desempregados), uma taxa de desemprego juvenil de 40%
(165 000 jovens desempregados) e com as exportações a caírem a pique em todos os domínios que somos
capazes de identificar, de acordo com as instituições mais credíveis que apresentam esses indicadores.
Sr. Deputado, o PS está disponível para cooperar em benefício dos portugueses. Sabe porquê, Sr.
Deputado?
A Sr.ª Presidente: — Terminou o tempo de que dispunha, Sr. Deputado.