21 DE FEVEREIRO DE 2013
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A Sr.ª Presidente: — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Almeida, gostava de saber se
o Sr. Deputado consegue reconhecer que o Governo não está a conseguir levantar este País, que estas
políticas profundamente austeras têm sido também elas causa da recessão em que nos encontramos e dos
brutais níveis de desemprego a que assistimos.
Acontece que, confrontando os membros do Governo e a maioria com esta situação perfeitamente
calamitosa, as únicas respostas que recebemos são «vamos rever os números e o cenário macroeconómico».
Ou seja, temos um número brutal de desempego de 16,9% e aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro diz é que
«provavelmente vamos ter de rever as nossas previsões para o desemprego». Também acho que devem
rever, mas é para tirar consequências diretas ao nível da inversão de política para que esse fator se inverta.
Se não, qual é a lógica?!
Confrontado com este nível de recessão, designadamente no último trimestre, o Sr. Ministro das Finanças
veio dizer que vamos ter de rever as nossas previsões relativamente à recessão para uma coisa tão simples
quanto o dobro! O dobro, Sr. Deputado?!
O que é que os Membros do Governo nos dizem permanentemente? Isto é sempre a afundar — não há
volta a dar!
Portanto, Sr. Deputado, as perspetivas, que não são boas, são as de continuarmos permanentemente a
decrescer. Pergunto ao Sr. Deputado: onde é que se baseia a sua esperança?
Os senhores podem escrever à troica as cartas que quiserem. Mas os senhores, que defendem as políticas
que têm sido implementadas, que são recessivas e absolutamente antissociais, que propostas apresentam
para uma inversão do ciclo económico?
Sr. Deputado, relativamente à questão do desemprego, o Sr. Primeiro-Ministro e o Governo fizeram grande
bandeira do programa Impulso Jovem. Sr. Deputado, se o programa Impulso Jovem tivesse tocado um quarto
(e quando digo um quarto já estou a fazer um grande favor ao Governo!) que fosse do número avançado pelo
Governo para retirar jovens do desemprego…! Mas, Sr. Deputado, nem isso. Este programa é uma absoluta
nulidade. É um programa para a precariedade, para os estágios e para a formação.
Sr. Deputado, não é assim que se resolve o problema do desemprego! A promessa do Governo era a de
que o Impulso Jovem colocaria jovens no mercado de trabalho, mas não se vê nada disso! O que o Impulso
Jovem fez, como Os Verdes já aqui disseram, é passar o desemprego jovem de níveis altíssimos, de cerca de
36%, para 40%. Isto está tudo a falhar, Sr. Deputado!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados Paulo Sá, Pedro Filipe
Soares e Heloísa Apolónia, muito claramente, quero dizer que quando discutimos com o Partido Socialista ou
com o Partido Social Democrata estamos a discutir uma coisa, mas quando discutimos com qualquer um dos
três partidos a que os Srs. Deputados pertencem discutimos outra. Isto, com toda a legitimidade, porque os
senhores excluíram-se da construção desta solução para um problema com que Portugal se viu confrontado,
ainda numa altura em que nem o PSD nem o CDS faziam parte do Governo.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Portanto, muito dificilmente, quem não fez parte da solução
no seu início ainda mais de parte se põe quando aparecem os problemas.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.