I SÉRIE — NÚMERO 59
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Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Nós defendemos o imobilismo e vocês o imobiliário!
O Sr. António Prôa (PSD): — Mas o PCP alia a este imobilismo o populismo. Escolhendo a atitude mais
cómoda, sabendo que qualquer mudança implica algum descontentamento pelas opções ou até pela aversão
à necessidade de adaptação, prefere deixar tudo como está.
Vejamos: Portugal tem hoje mais de 700 000 fogos devolutos, muitos deles poderiam ser arrendados. A
percentagem de fogos arrendados diminuiu, as pessoas foram-se tornando escravas de empréstimos
bancários e a sua mobilidade diminuiu.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Prôa (PSD): — A população no centro das principais cidades diminuiu significativamente:
em 30 anos, Lisboa perdeu 32% da sua população e o Porto 27%. Os centros urbanos foram ficando desertos,
as casas degradaram-se e a pouca população que resta é idosa. Nas principais cidades, a população jovem
foi empurrada para os subúrbios…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — E porquê?
O Sr. António Prôa (PSD): — … e obrigada a comprar casa por falta de oferta de arrendamento no centro
das cidades.
Este é o resultado de não fazer nada. Sejamos claros: este é o cenário que o PCP hoje vem defender por
trás da proposta que apresenta.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Prôa (PSD): — A proposta do PCP é a proposta da degradação urbana, do esvaziamento
do centro das cidades; a proposta do PCP é a que empurra os jovens para as periferias e os obriga a pedir
empréstimos à banca;…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. António Prôa (PSD): — … a proposta do PCP é a que mantém os mais idosos sem vizinhos,
isolados e em casas degradadas.
Aplausos do PSD.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O PSD defende a necessidade imperiosa de dinamizar o mercado
de arrendamento como meio para reabilitar os centros urbanos e promover a economia. Para alcançar tais
objetivos é necessário garantir a confiança e a justiça. Confiança nos procedimentos e aplicação da lei; justiça
não privando os senhorios de obterem o rendimento dos seus imóveis mas, simultaneamente, assegurando a
proteção aos cidadãos mais vulneráveis.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — É, é!…
O Sr. António Prôa (PSD): — Este é o equilíbrio que o PSD quer assegurar e é este equilíbrio que todos
devem exigir. Mas, Srs. Deputados, dirijo-me a todos quantos utilizam os receios dos mais vulneráveis como
tática para o combate político. Há os que promovem o medo ao invés de procurarem ajudar a superar a falta
de informação, afirmando que o PSD condena essa atitude e que a considera inadmissível.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O PSD está empenhado em acompanhar de forma especialmente
atenta e exigente a aplicação da lei das rendas que recentemente entrou em vigor.