7 DE MARÇO DE 2013
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Essa é que é a verdade!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Por isso, quando o ouço dizer que o País está na direção correta e
que não deve mudar de trajetória, Sr. Primeiro-Ministro, só posso deixar-lhe uma primeira pergunta: acredita
mesmo que este País está numa boa trajetória? Olhando para a realidade, para a situação social, para a
situação económica que existe, tendo em conta que hoje milhões de portugueses estão a ser afetados por
esta política e que o País está cada vez mais a andar para trás, acredita mesmo que estamos no bom
caminho, Sr. Primeiro-Ministro?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, não posso concordar mais
consigo quando diz — de resto, já o tinha aqui afirmado noutras ocasiões e não teve uma resposta diversa da
minha parte — que o desemprego é sempre a circunstância mais penalizadora que uma recessão pode trazer.
O Sr. António José Seguro (PS): — Ah!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sabemos isso, Sr. Deputado, e temos consciência de quão penoso e doloroso
é um processo de ajustamento.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Não têm é políticas! Têm gráficos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Foi rigorosamente essa a resposta que o Secretário-Geral do Partido
Socialista obteve quando instou a Diretora-Geral do Fundo Monetário Internacional acerca da direção que
estamos a seguir. A resposta, que veio às pinguinhas, mas que depois foi publicitada na íntegra, é categórica:
ninguém vende nem procura adotar políticas restritivas e de austeridade com o intuito de expandir a procura e
de ter um efeito sobre o crescimento no curto prazo.
Sr. Deputado, para poder citar do mesmo modo que o fez o orador antecedente, «ninguém no seu perfeito
juízo diria tal coisa». Isso não é possível. Sabemos que é muito doloroso passar por estes processos.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Está-se a enterrar, Sr. Primeiro-Ministro!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sei que o Sr. Deputado faz essa afirmação de mãos livres, no sentido de que
não teve responsabilidades de governo na situação. É uma coisa que respeito, Sr. Deputado, mas não
significa que se, porventura, fosse coerente com aquilo que diz e se estivesse a governar nós estivéssemos
em circunstâncias melhores.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Estaríamos, de certeza!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não sei, Sr. Deputado. Temo bem que não. Mas respeito a sua posição,
porque o Sr. Deputado não pode responder pelas políticas que trouxeram o País a este grau de
endividamento.
No entanto, não posso (e o senhor também não), como a avestruz, meter a cabeça na areia, fazer de conta
e dizer «como não fui eu que gerei esta dívida, ela não existe!» Ela existe, Sr. Deputado! E temos de a pagar!
Não a pagamos de um dia para o outro, vamos demorar muito tempo a fazê-lo e temos, evidentemente, de ir
criando condições na economia para o ressurgimento económico. É isso que o Governo está a fazer.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Só se for nas Berlengas!