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I SÉRIE — NÚMERO 62

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O Sr. Primeiro-Ministro: — Quanto à sua pergunta, Sr. Deputado, reafirmo que essa é a direção certa!

Não conseguiremos retornar a financiamento não oficial nesta altura se não pudermos beneficiar do apoio dos

países europeus, bem como do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu. Para esse efeito,

não podemos sequer dar a impressão de que estamos, para futuro, a implicar com a adoção de medidas que

não desejamos e que pretendemos alterar pura e simplesmente.

Protestos do PCP.

Sr. Deputado, se o País não tem margem para gastar mais, porque não tem mais para gastar, não posso

fazer a demagogia de vir aqui dizer que temos de estimular a economia quando o País não tem dinheiro para o

fazer. Espero que o Sr. Deputado respeite que não posso dizer ou fazer isso!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, não falei de dificuldades, que

são reais. A grande questão é que este Governo persiste numa política que nunca resolverá nenhum dos

grandes problemas nacionais.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Se, de facto, não há medidas que levem ao crescimento económico,

se não existem medidas de investimento, se, em vez de estar permanentemente a encher os bolsos à banca,

se virasse para a economia real, se fossem respeitados os direitos e os salários de quem trabalha ou de quem

vive da sua pensão e da sua reforma, naturalmente que se encontrariam soluções para interromper este

caminho para o desastre com que neste momento vivemos!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Queria também fazer-lhe uma acusação direta, Sr. Primeiro-Ministro.

A acusação é a de que este Governo está a roubar a esperança a muitos portugueses, que não acreditam no

futuro,…

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … porque viram as suas vidas destroçadas e porque estão numa

situação dramática para a qual não encontram saída! Esta é uma inquietação profunda que temos! Em

democracia, quando se perde a esperança, as coisas começam a complicar-se.

Felizmente, muitos portugueses não aceitam este rumo de braços caídos. As manifestações que se

verificaram nos dias 16 de Fevereiro e 2 de Março, em que centenas de milhares de portugueses

manifestaram a sua indignação, o seu protesto, mas também a sua luta, são a prova de que quem está

irremediavelmente condenado à derrota é este Governo e esta política.

Aplausos do PCP.

É chocante ouvir um Ministro deste Governo — estou a falar do Ministro das Finanças — dizer que é mais

importante ouvir os elogios dos parceiros europeus do que os protestos dos portugueses que se manifestam.

Já nem se fala em brio patriótico, mas quando o Governo ou um dos seus membros considera que é muito

bom ouvir os elogios daqueles que estão a ganhar com a situação em Portugal e despreza aqueles que lutam,

que se indignam, que querem uma vida melhor e que, numa afirmação de verticalidade, não deixam o seu