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I SÉRIE — NÚMERO 62

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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Importa-se de repetir?

O Sr. Primeiro-Ministro: — Elas são, evidentemente, para ser tidas em conta. Mas, Sr. Deputado, eu não

governo em função das manifestações nem, evidentemente, dos protestos.

Protestos do PCP.

Qualquer governante que tem uma missão a cumprir, no dia em que tiver de decidir em função desses

critérios demite-se da sua grande responsabilidade e não está à altura do lugar que desempenha. E isso, Sr.

Deputado, espero que não me aconteça a mim!

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, o tempo é curto, mas ainda vou usá-lo.

Sr. Primeiro-Ministro, não tenho a veleidade de questionar as suas convicções, mas a verdade é que a sua

convicção entra em rota de colisão com a realidade.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Fala no amanhã que há de chegar, fala na necessidade de encontrar

um caminho para sair da situação, mas a verdade é que a realidade se vai agravando permanentemente.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É por isso que termino com esta ideia, que talvez o Sr. Primeiro-

Ministro conheça: é que do caos nunca nascerão as boas soluções. É preferível a rutura e a mudança do que

esperar pelo fim deste País, pelo fim da situação em que muitos portugueses se encontram.

O que é possível e necessário é lutar para mudar. Nós estamos em crer que o povo português há de ser

capaz de fazer isso!

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Bloco de Esquerda.

Para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.

O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, não fiquei espantado com o facto de na

sua intervenção inicial não ter tido uma palavra sobre o desemprego e sobre os desempregados.

Na realidade, há um ano e meio que o seu Governo não tem uma só medida que não seja cortar no

subsídio de desemprego e cortar no número de desempregados que têm direito a esse subsídio. Portanto, não

me espanta nada esse seu esquecimento.

Mas já me espanta a sua falta de decoro, digamos assim, de pudor, ao considerar que dar mais dois

cêntimos, quatro cêntimos, sete cêntimos, nove cêntimos, no máximo, por dia, a umas centenas de milhares

de pensionistas beneficiários da pensão mínima, seja atualizar as pensões. Isso, sim, é que me chocou

bastante no seu esquecimento.

Vozes do BE: — Muito bem!

O Sr. João Semedo (BE): — O Sr. Primeiro-Ministro chegou aqui de mãos vazias no que diz respeito a

encontrar uma solução para os juros e para a dívida, uma solução que não seja, naturalmente, a insistência na

austeridade, no desemprego e na recessão.