7 DE MARÇO DE 2013
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, sobre a questão da troica, deixe-me dizer que é sabido que,
durante os exames regulares, não há pronunciamento sobre o conteúdo dos mesmos, e isso mantém-se e não
será por mim colocado em causa no Parlamento. Mas quero aproveitar para dizer que estranho, no mínimo,
que todos aqueles que, no Parlamento, a começar no Partido Socialista e a acabar no Partido Ecologista «Os
Verdes», se têm oposto a qualquer ideia de que seja necessário encontrar poupanças permanentes no
Estado, tendo estado o Governo disponível para as discutir atempadamente com todos, antes do exercício
regular, queiram agora, durante o exercício regular, colocar-se na posição de quem está na varanda, dizendo:
«Nós não queremos nenhuma dessas medidas, mas diga lá quais são, faz favor, que é para a gente lhes
poder bater».
Sr. Deputado, não vejo que essa seja uma posição construtiva!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Deputado João Semedo.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, repare no caricato das suas palavras:
«O grande objetivo do Governo é desendividar o País». Mas, Sr. Primeiro-Ministro, todos os meses a dívida
pública está a crescer! O senhor quer melhor caricatura da sua política, do falhanço dessa política do que esta
realidade?
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. João Semedo (BE): — O objetivo é desendividar e o País, todos os meses, tem mais dívida!? Qual é
o resultado dessa política?
Aplausos do BE.
Em 2011, o senhor anunciava a recuperação para 2012; em 2012, anunciou que seria em 2013; e, em
2013, parece que será em 2014. Mas já nenhum Ministro — nem o Sr. Primeiro-Ministro — diz isso com muita
confiança.
O Sr. Primeiro-Ministro tem de compreender que o povo já não aguenta esta fantasia, já não aguenta esta
austeridade e já não o aguenta a si nem ao seu Governo. O povo está farto de si, da sua política e do seu
Governo! Foi isso que, com muita clareza, ouvimos todos, de norte a sul de Portugal, no passado sábado.
Sr. Primeiro-Ministro, a dignidade política no exercício das funções que tem devia levá-lo a ouvir a voz dos
portugueses. Sr. Primeiro-Ministro, demita-se, não tenha medo das eleições! Deixe a democracia resolver os
problemas do País que o seu Governo não sabe resolver.
Aplausos do BE.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, o Sr. Primeiro-Ministro já fez hoje várias
afirmações extraordinariamente preocupantes, e uma delas foi esta: «Lamentamos, mas o País não tem
dinheiro para estimular o crescimento económico». Isto é absolutamente dramático, vindo da boca de um
Primeiro-Ministro. E todos nos lembramos de, há tempos, o Sr. Primeiro-Ministro ter disponibilizado 12 000
milhões de euros à banca,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!