I SÉRIE — NÚMERO 62
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O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — E, como sempre dissemos, Sr. Primeiro-Ministro, é verdade que,
com credibilidade e confiança externa, é possível pensar que os prazos para reembolso da dívida possam ser
repensados e a redução do défice português possa ser mais faseada, tendo em atenção uma conjuntura
económica que se degradou e que o desemprego aumentou de forma preocupante.
Tudo isto são factos, Sr. Primeiro-Ministro. Tudo isto deveria merecer da parte da oposição, mas também
da maioria, com certeza — é isso que os portugueses esperam de nós —, uma visão realista e, ao mesmo
tempo, uma visão construtiva.
Conhecemos as dificuldades, não as negamos: são muitas! Tal como disse, provavelmente estamos na
fase mais difícil do nosso período de ajustamento, mas não é com o protesto pelo protesto, nem com o vender
ilusões de outrora, quimeras de outrora, que levaram Portugal a solicitar o pedido de resgate — o terceiro em
30 anos —, que podemos dela sair! É, sim, com a apresentação de propostas concretas, credíveis face aos
compromissos externos assumidos, credíveis face à conjuntura internacional, nomeadamente na zona euro e
na União Europeia.
Sr. Primeiro-Ministro, é isso que os portugueses esperam da Câmara e dos partidos aqui representados.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A nosso ver, o momento que enfrentamos é muitíssimo importante.
É o momento em que é preciso tomar medidas, algumas das quais já aqui citadas, para combater o
desemprego, nomeadamente o desemprego jovem — gostaria de ouvir da parte do Sr. Primeiro-Ministro uma
especificação maior dessas medidas que, creio, paulatinamente, poderão estar a criar incentivos para reduzir
o desemprego e o desemprego jovem.
É o momento em que é preciso tomar medidas que possam, de alguma forma, criar um maior alívio fiscal
às nossas empresas a médio e longo prazo. Sabemos que não é possível agora — é evidente —, mas
também sabemos que se não nos prepararmos agora para que isso aconteça daqui a algum tempo,
certamente nessa altura não teremos as tais medidas, que todos desejamos, de alívio fiscal; teremos, isso sim,
com medidas expansionistas, um novo pedido de resgate, que seria o quarto sobre este terceiro, em apenas
30 anos, repito.
Vozes do CDS-PP: — Exatamente!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Depositamos esperanças na comissão recém-nomeada pelo
Governo para que esta possa, a médio e longo prazo, apresentar essas medidas.
Sr. Primeiro-Ministro, considerando as notícias que têm vindo a público das últimas reuniões europeias,
nomeadamente no âmbito do ECOFIN, que falam de um maior faseamento quer do reembolso da dívida quer
na redução do défice, parece-nos que também aqui, e talvez por maioria de razão, poderemos considerar uma
velocidade diferente ao nível das reduções estruturais de despesa permanente do Estado — que são
necessárias, é bom sublinhá-lo!
Face à conjuntura internacional, em particular na zona euro, sobretudo em países dos quais Portugal
depende muito do ponto de vista das suas exportações, nomeadamente Espanha e Itália, e face às indecisões
que estão a ocorrer em muitos países da União Europeia — e que, com alguma irresponsabilidade, aqui
outrora eram defendidas —, pergunto-lhe, Primeiro-Ministro, se entende, ou não, que a redução mais faseada
do défice poderá vir a ser uma realidade e que, ao mesmo tempo, do ponto de vista do reembolso da dívida,
poderá haver também um faseamento maior.
Por último, com a credibilidade que conquistámos — e só a conquistámos porque cumprimos —, pergunto
se podemos aspirar a uma redução de despesa permanente, também ela mais faseada.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.