I SÉRIE — NÚMERO 62
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Não adotámos a posição da Irlanda. Porquê? Porque achámos que, em Portugal, a diferença de nível para
o salário mínimo nacional é demasiado elevada para que pudéssemos tocar no valor do salário mínimo.
Portanto, repito, rejeitámos essa possibilidade. Mas não gera qualquer perspetiva de emprego aumentá-lo; é o
contrário. Quando há Srs. Deputados que vêm dizer: «Dê uma boa notícia ao País. Prometa que pode
aumentar o salário mínimo nacional», em concertação, evidentemente, eles não estão a pensar no impacto
sobre o emprego porque uma medida dessa natureza geraria nesta altura ainda mais desemprego e não mais
perspetiva de emprego.
Risos do PS.
Portanto, não deixaremos, em sede de concertação social, de discutir o aumento do salário mínimo
nacional, levados, evidentemente, pelos aumentos de produtividade, numa altura em que o País esteja em
condições de dobrar o nível de atividade, que nesta altura ainda é recessivo e que nós queremos inverter para
recuperação. Nessa altura, talvez, Sr. Deputado. Nessa altura, faz sentido dizer que o tecido produtivo
português tem condições para remunerar melhor. Até lá, Sr. Deputado, devem fazê-lo as empresas que têm
condições para o fazer e não porque o Estado lhes impõe uma despesa adicional que eles poderiam não
suportar e com isso trazer ainda mais desemprego ao País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a tarefa que temos pela frente em
Portugal e, de resto, também na Europa é, de facto, uma tarefa gigante: equilibrar as contas públicas;
equilibrar, do ponto de vista orçamental, a zona onde nos integramos; criar as bases para termos crescimento
económico e para podermos gerar emprego. E fazer tudo isto ao mesmo tempo tendo a sensibilidade social de
não deixar ninguém para trás.
Por isso, ao contrário daquilo que foi aqui dito, o Sr. Primeiro-Ministro não está sozinho em Portugal e
também não está sozinho neste espaço europeu em que nos envolvemos.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Pois não! Está com o Ministro Relvas!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — De resto, hoje, dia 6 de Março, faz precisamente 10 meses que foi eleito
o atual Presidente francês, faz mais ou menos 10 meses que o líder do Partido Socialista, o Sr. Deputado
António José Seguro, participava no comício de encerramento desse momento eleitoral que ia relançar tudo
aquilo que era a política europeia e tudo aquilo que eram as expetativas relativamente ao futuro.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Pois bem, já aqui foi referido, e é verdade, que hoje um jornal francês de
grande tiragem anunciou que o Governo socialista de França acrescenta à política de contenção orçamental
que já vem seguindo um novo plano de redução estrutural da despesa de vários milhares de milhões de euros
— na circunstância, 4000 milhões de euros.
Protestos do PS.
Está aqui. Vem no Le Monde, de hoje.
Sr. Primeiro-Ministro, em matéria de «estar sozinho» já é um início de conversa. É que vemos quem é que
está sozinho hoje, face àquilo que estava há 10 meses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.