9 DE MARÇO DE 2013
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Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, comemorar o 8 de março, neste momento, é também um grito de
esperança e de confiança. Esperança e confiança nas mulheres do meu País, esperança e confiança nas
centenas de iniciativas que hoje vão ser levadas a cabo pelos comunistas, pelo movimento de mulheres, pelo
movimento sindical de classe, por todos aqueles que provam, com estas iniciativas, que não só é urgente
como possível outro caminho.
Hoje é mais um dia de confiança, onde os valores de Abril e a Constituição representam um espaço de
unidade de todas as mulheres e homens que exigem a demissão deste Governo, a derrota desta política e do
pacto da troica, por uma política patriótica e de esquerda.
Hoje, como diz a CGTP, é um dia para assinalar as razões da luta de todos os dias feita por mulheres e
homens que não desistem de lutar pela sua dignidade, porque a luta emancipadora das mulheres é
inseparável da luta por uma sociedade mais justa e avançada.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Elza Pais.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Neste Dia Internacional da Mulher, quero
dirigir-me a todas as mulheres e homens do meu País para lhes dizer que a desigualdade entre homens e
mulheres não é uma fatalidade. É possível combatê-la com mudanças de mentalidade e com medidas de
política que derrubem os desequilíbrios de género culturalmente instalados.
As mulheres não precisam de favores, nem de esmolas; as mulheres precisam, sim, de ver cumprido o
direito constitucional à igualdade e à não discriminação que o Estado tem de garantir.
A crise económica e financeira não pode, nem deve, servir de desculpa para se desinvestir na igualdade,
mas uma coisa é certa: esta crise, ao levar o desemprego para níveis insustentáveis, ao aumentar as fileiras
da pobreza, ao cortar cegamente nos gastos com educação, saúde e proteção social, coloca as mulheres em
situação de maior vulnerabilidade à exploração, à exclusão e à violência.
Por isso, perguntamos que medidas proactivas e positivas, com eficácia, estão a ser definidas para
prevenir os desequilíbrios de género face ao agravamento das condições sociais que o nosso País está a
atravessar. E a resposta é: nenhumas! Nenhumas!
Sr.as
e Srs. Deputados, não longínquos vão os tempos — espero que se lembrem — em que se definiu pela
primeira vez um eixo do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para o período 2007-2013 no
sentido de promover a igualdade de género, o empreendedorismo feminino, a qualificação para grupos
específicos, os planos para a igualdade no Estado, nas autarquias e nas empresas e o apoio às organizações
não-governamentais para ajudarem o Estado na sua missão de prevenção e combate à violência de género e
a todo o tipo de discriminações.
Não longínquos vão os tempos — espero que se lembrem — em que se introduziu uma licença de
parentalidade, que não foi apenas a mudança do nome, foi a mudança de um conceito, com estímulos para
ser utilizada pelos pais homens e que tem hoje resultados bem visíveis.
Esta é a via a seguir, a verdadeira partilha para que as carreiras profissionais das mulheres não resultem
prejudicadas. E, agora, o que temos? A maioria a chumbar propostas de proteção e de reforço da autonomia
das vítimas e de afastamento do agressor, pese embora recomendadas pela Convenção de Istambul que
acabámos de ratificar; a maioria a chumbar a possibilidade de as vítimas de violência doméstica renegociarem
o crédito à habitação em caso de incumprimento. A maioria chumba e chumba e chumba!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Por este andar, é mesmo para chumbar!
A Sr.ª Elza Pais (PS): — A maioria chumba ainda resoluções para combater a segregação profissional das
mulheres no mercado de trabalho.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A situação do País é verdadeiramente dramática para todas as
pessoas, mas ainda é pior para as mulheres.
A maior parte dos trabalhadores pobres são mulheres; o risco de precariedade agrava-se nas jovens e nas
famílias monoparentais; a feminização do desemprego e a precariedade laboral são uma realidade que ainda