14 DE MARÇO DE 2013
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onde isso não acontece, representam áreas distintas, mas, mesmo nesses casos, elas não podem trabalhar
de costas voltadas. Portanto, faria sentido que houvesse a possibilidade, no espaço europeu, de produzir
conselhos que juntassem estas duas dimensões e, subscrevo também, a dimensão social. Penso que isso
hoje é indispensável.
Em segundo lugar, uma curtíssima reflexão a propósito da observação do Sr. Deputado Nuno Magalhães
quanto ao desespero social que pode conviver com a crise, mas que pode não conviver com os fundamentos
da democracia ou do Estado de direito.
Hoje em dia, há uma corrente de opinião que põe em causa, ou testa, a nossa resiliência democrática face
à dimensão das consequências sociais da crise. Sabendo-se — e esse é um facto — que países que são
relevantíssimos, países que estão não apenas associados ao nascimento da União Europeia e da
Comunidade Económica Europeia mas que são, hoje, países centrais quer na arquitetura do euro quer da
União Europeia, que têm uma expressão significativa quer no PIB industrial da União Europeia quer,
simplesmente, na riqueza gerada e que têm apresentado níveis não só dececionantes mas bastante
preocupantes de perda de competitividade, pode perguntar-se se o esforço que estamos a fazer de construção
de uma Europa mais coesa responde ou não, efetivamente, aos objetivos de competitividade no mercado
global em que a Europa se insere.
Protestos do Deputado do PS João Galamba.
Há quem tenha dúvidas sobre isso. Hoje, há quem julgue que há evidências ou sinais suficientes de que,
apesar dos esforços que têm sido realizados, da Estratégia 2020 que foi reforçada, a Europa não esteja em
condições de poder responder globalmente a esse desafio, mesmo com uma moeda única, mesmo com
políticas de maior coordenação e articulação económica e social, mesmo procurando combater as crises de
dívida de uma forma mais disciplinada e mais sincronizada. Mesmo com todo este esforço há quem julgue que
possa não ser possível vencer, por exemplo, o défice, o gap de competitividade, que decorre do facto de haver
diferenças tão grandes, tão cavadas, quanto aquelas que existem no acesso aos recursos energéticos, por
exemplo.
Hoje em dia, há blocos no mundo que acedem a níveis muito menos custosos no acesso aos recursos
energéticos do que a Europa. Não obstante, nós continuamos empenhados em que haja uma discussão mais
séria e um mercado interno mais forte no que respeita à área energética. Precisamos de ter redes energéticas
com maior mobilidade, como é evidente; precisamos de ter menos risco, precisamos ter uma maior
diversificação do risco no acesso às fontes energéticas. A Europa precisa de ter respostas mais eficazes do
que aquelas que tem tido nesta matéria. É disto que estamos a falar.
Se queremos ser competitivos, não basta ter mercados laborais que sejam mais ágeis, é preciso que os
custos de contexto sejam também mais adequados quando nos comparamos com os nossos principais
competidores. Ora, é muito difícil aprofundar o mercado interno em muitas destas dimensões e depois ter
diferenciais nos custos energéticos de 20 ou 30% quando nos comparamos com outros países,
nomeadamente com os Estados Unidos da América, por exemplo.
Portanto, há dimensões que estão envolvidas na dimensão competitiva que estão longe de representar
uma garantia de sucesso no palco que é disputado, hoje, pela União Europeia.
Questão mais particular é a de saber se nós conseguiremos conviver nos nossos sistemas democráticos,
respondendo a estas exigências competitivas. Eu quero acreditar que sim — aliás, eu acredito que sim!
Julgo que os sistemas democráticos têm superioridade de muitos pontos de vista. Têm também as suas
vulnerabilidades, e não o devemos esquecer. Jugo que, de certa maneira, era esse o ângulo de visão que o
Sr. Deputado queria trazer para esta discussão. Com certeza que sim, queremos ser competitivos, mas não
podemos descurar os elementos mais equitativos da coesão.
Ao contrário do que muitos têm argumentado mesmo na nossa dimensão interna, precisamos de prestar
mais atenção aos fatores de equidade e, em Portugal, eles não têm tido uma resposta satisfatória de há
muitos anos a esta parte.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!