I SÉRIE — NÚMERO 69
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O resultado de uma política errada, muito para além do acordado com a troica, está aí — um programa
ultraliberal, contra as pessoas, contra os trabalhadores, contra os reformados, contra os jovens, contra os
empreendedores, contra os pequenos e médios empresários, contra as famílias, e agora sabemos contra o
Estado social, com um corte previsto de 4000 milhões de euros.
Aplausos do PS.
Um corte contra uma escola pública de qualidade e integradora, onde todos os jovens tenham direito a uma
educação de excelência; um corte contra um Serviço Nacional de Saúde de qualidade, a que todos os
portugueses devem ter acesso, e contra um sistema de proteção social justo e equitativo.
Não queremos um País onde mais de metade dos desempregados não tenham qualquer tipo de apoio. Não
queremos um País onde cada vez mais idosos vivam abaixo do limiar da pobreza. Não queremos um País de
baixos salários e onde um Governo defende o empobrecimento da população. Não queremos um País onde
as crianças chegam à escola sem comer. Não queremos alunos a abandonar o ensino superior por não
conseguirem pagar as propinas. Não queremos, Srs. Deputados da maioria, um País que, sabemos agora,
caiu em 2012, pela primeira vez desde 1975, no valor absoluto do índice de desenvolvimento humano das
Nações Unidas. Não queremos um País assim!
Este Governo tem uma missão clara: a de destruir os pilares de um Estado solidário.
O Partido Socialista quer um País onde todos tenham lugar, em que não haja portugueses de primeira e
portugueses de segunda, onde ninguém fique para trás pelo facto de não ter recursos ou estar a viver uma
situação inesperada. É este o País solidário que nós queremos, mas é esta ideia de País solidário que PSD e
CDS-PP destroem diariamente.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, a situação do País está muito pior 21 meses depois de este
Governo ter tomado posse.
Hoje, há mais 300 000 desempregados. Hoje, há milhares de lojas e de empresas fechadas como resultado
do aumento do IVA e da diminuição do rendimento das famílias. Hoje os portugueses pagam mais impostos:
mais IRS, mais IVA, mais IRC, mais IMI. Hoje, há portugueses que se endividam para pagar os seus impostos.
Hoje, há milhares de jovens em fila de espera para abandonar o País. Hoje, há milhares de idosos a adiar
consultas e a compra de medicamentos. Hoje, há funcionários públicos desmotivados sem saber o seu futuro.
Hoje, há um País parado, paralisado por um Governo isolado, só e politicamente incapaz, que está de costas
voltadas para um País de 10 milhões de habitantes — um Governo que vê a concertação social, que vê os
parceiros sociais a concordarem com o aumento do salário mínimo, mas que nada avança, que impede e
dificulta esse avanço e esse aumento, considerando o Primeiro-Ministro ser mais sensato a diminuição do
salário mínimo. Isto é inaceitável!
Aplausos do PS.
Há uma austeridade, para além da troica, que está a ter resultados desastrosos na economia e efeitos
sociais dramáticos e, pasme-se, sem qualquer diminuição do défice! Isto é, os portugueses foram chamados a
sacrifícios muito superiores aos acordados, fruto de uma ideologia levada à prática de forma obsessiva pelo
Primeiro-Ministro Passos Coelho, sem qualquer resultado positivo para apresentar aos portugueses. Sabemos
que é o vosso programa, a vossa cartilha, que querem seguir pela austeridade custe o que custar. Os
portugueses sabem que esta política de austeridade do custe o que custar provocou mais recessão, mais
desemprego, mais falências, mas também mais défice. Diminuir, só mesmo o rendimento do trabalho e das
pensões.
Quando o Partido Socialista chamou sistematicamente a atenção para que o Memorando deveria ser
adequado à realidade o Governo não quis ouvir e tenta agora fugir às suas responsabilidades, tentando iludir
os portugueses e fugir à verdade. Os portugueses lembram-se bem de o Primeiro-Ministro Passos Coelho
defender que queria ir além da troica e de dizer que prosseguia esta política não por ser o programa da troica
mas porque era o programa do Governo, do seu Governo.
O País está neste estado por incompetência e incapacidade de um Governo que não ouve ninguém, que,
em vez de unir, divide os portugueses; que, em vez de mobilizar, deprime o País; que coloca funcionários