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I SÉRIE — NÚMERO 70

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Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Para formular as suas perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa,

do PCP.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, disse, no início da sua

intervenção, que era preciso aprender com os erros do passado. Até podemos estar de acordo, mas a questão

principal é a de que este Governo e o Sr. Primeiro-Ministro persistem em não reconhecer os erros do presente

e este é que é o problema com que estamos confrontados.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Temos estado a ouvi-lo e, surpreendentemente, aqui vem mais uma

vez a persistência da ideia de que estamos no bom caminho, mesmo depois da desgraçada avaliação da

troica — a 7.ª avaliação — que apresenta, em termos de perspetivas, e sublinho isto, Sr. Primeiro-Ministro, o

contrário do que o senhor, muitas vezes, tem vindo aqui a afirmar. Aquilo que foi apresentado é mais

desemprego, mais recessão, mais pobreza, mais injustiças, menos apoio social do Estado. Foi isto que ali foi

perspetivado e foi até anunciado pelo Sr. Ministro das Finanças. E vem aqui o Sr. Primeiro-Ministro insistir na

ideia de que estamos no bom caminho?! Ó Sr. Primeiro-Ministro…

Gostaria até de lhe fazer uma pergunta: o que é que falhou, tendo em conta toda a desastrosa perspetiva

que apresentou? Aquilo que o CDS e o PSD dizem, que foi o desenho da troica que falhou? Aquilo que diz o

PS, por exemplo, que é uma questão de forma e de incompetência do Governo? Sr. Primeiro-Ministro, não

será, antes, da substância, do conteúdo desse Memorando de Entendimento,…

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … com metas, objetivos, exigências e imposições que, depois, se

refletem, de facto, nos resultados que temos?!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Claro!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Esta é uma questão sobre a qual gostaria de o ouvir. Qual é a sua

opinião? O problema está neste Governo, como é evidente, com a sua política de direita, mas o problema

central está também nessa arma de destruição massiva de empregos, de aspirações, de esperanças, que é o

chamado Memorando e que nós classificamos, e bem, como pacto de agressão.

Vozes do PCP: — Muito bem! Exatamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Primeiro-Ministro, olhando para essas tais expectativas de mais

100 000 empregos destruídos, que se juntarão a cerca de 400 000 desde que este Governo existe, de uma

evolução negativa da nossa economia, com mais recessão, de uma tragédia para muitos portugueses, fala-se

sempre na importância de salvar o sistema financeiro, fala-se sempre na ameaça da bancarrota. Os senhores

não veem que, hoje, muitas famílias já entraram na bancarrota?! Os senhores não veem que, hoje, muitos

portugueses não sabem o que hão de fazer à vida?!

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Os senhores não sabem que, hoje, cada vez mais, são os jovens que

perdem a esperança?! Veja só, Sr. Primeiro-Ministro, quando uma característica dos jovens é a de terem

esperança no futuro, até isto estão a negar aos jovens portugueses, a quem oferecem apenas a emigração.

Nesse sentido, Sr. Primeiro-Ministro, diga lá, afinal, onde é que está o problema: é neste Governo de

direita, é no pacto de agressão, é no desenho da troica ou é na incompetência do Governo?