I SÉRIE — NÚMERO 74
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Portugal, que era líder em 2011, em 2012 perdeu a capacidade de liderança. Diz esse ranking que o
crescimento, em 2011, era superior a 5%. Portugal deixou, assim, de ser líder em crescimento e inovação.
O Sr. Deputado disse-me que precisamos de um crescimento integrado. Claro que precisamos de um
crescimento integrado, mas alguém tem que ser o timoneiro do crescimento. E por que não a ciência?
E refiro-me à ciência tal como foi desenvolvida no nosso País, com as parcerias internacionais, com a
capacidade de introduzir inovação, criatividade e novas tecnologias nas empresas. Temos visitado muitos
projetos por este País fora que nos dão conta disso. Era este o caminho. O caminho que hoje temos é um
caminho de coisa nenhuma, é um caminho de destruição da excelência!
Sr. Deputado, penso que a esse nível temos a mesma visão: este Governo não cuida da ciência, para este
Governo a ciência não existe. Só há bem pouco tempo é que o Sr. Ministro da Educação começou a falar de
ciência, e fê-lo de uma forma muito genérica. Atualmente, a ciência não é uma área prioritária. É claro que
para nós foi e continuará a ser uma área prioritária. Enquanto a ciência não for uma área prioritária para um
país, ele terá o seu desenvolvimento comprometido.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O balanço dos dois anos desta governação tem vindo a ser feito
não apenas neste fórum mas um pouco por todo o País, em reuniões que temos tido com investigadores e são
eles que nos têm dado conta do perigo que a ciência corre se continuarmos a agir para com os investigadores
e as instituições desta maneira.
Por vezes, não é de mais financiamento que eles precisam — já o disseram nesta Casa…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.ª Deputada, desculpe interrompê-la, mas corre o risco de duplicar
novamente o tempo de que dispõe para responder.
Peço-lhe que conclua.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Sr.ª Presidente, ainda não me tinha avisado e eu não estava a olhar para o painel
dos tempos, mas vou concluir.
Dizia eu que os investigadores nos têm dado conta, num tempo de crise, que o que querem não é tanto
mais financiamento mas, sim, formas diferentes de gerir o financiamento que têm e, sobretudo, estratégias que
permitam captar novos investimentos e receitas próprias, as quais estão absolutamente bloqueadas com as
atuais regras de gestão e com a lei dos compromissos.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Achei que a tinha que salvar a Sr.ª Deputada do risco de duplicar
novamente o seu tempo.
Nos termos dos n.os
2 e 3 do artigo 76.º do Regimento da Assembleia da República, tem a palavra o Sr.
Deputado Filipe Neto Brandão, do Partido Socialista.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Há precisamente quatro
décadas, no dia 4 de abril de 1973, iniciava-se, na cidade de Aveiro, o III Congresso da Oposição
Democrática. Evocá-lo, hoje, neste espaço de liberdade também por aqueles congressistas conquistada, é,
para um democrata, um imperativo de consciência que ganha, aliás, redobrado sentido num momento em que,
induzida pela crença de alguns na pretensa inevitabilidade do caminho que trilhamos, importa exorcizar a
desesperança coletiva que parece toldar a nossa capacidade de sonhar novamente um país mais solidário e
justo.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Por três vezes, com a realização dos seus congressos, Aveiro
significou abrigo à oposição ao fascismo em Portugal no pós-guerra. Desde logo, com os Congressos
Republicanos de 1957 e 1969 e, finalmente, com o III Congresso, cuja designação — de Oposição
Democrática e já não Republicano — surge por expressa recomendação do Governo, apostado em oferecer
ao mundo a ilusão de uma realidade democrática em Portugal.