I SÉRIE — NÚMERO 74
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Três interpelações cívicas — democratização, descolonização e desenvolvimento —, que, saindo do
Congresso de Aveiro em abril de 73, iriam, um ano depois, ressurgir, de forma inequívoca, no Programa do
MFA.
Sr.as
e Srs. Deputados: O Congresso da Oposição Democrática de Aveiro teve a ousadia de sonhar um
projeto de modernidade para Portugal. A sua mensagem, aquela que perpassou em todas as teses
apresentadas e discutidas, foi sempre uma mensagem de futuro. Só, pois, falando de futuro, do futuro da
República, é que prestaremos verdadeiramente homenagem aos homens e mulheres que se reuniram em
Aveiro, em 73.
Aplausos do PS.
Por isso, celebrar o Congresso, hoje, revisitando os valores republicanos e democráticos enquanto projeto
nunca acabado de regeneração política, terá a ver com a defesa da coisa pública, com a defesa da esfera e
das funções públicas, aquelas que o são por terem a ver com o interesse geral, com o interesse da
coletividade no seu conjunto. Mas será também ter presente que importa, cada vez mais, questionar que
Europa é esta, que hoje construímos, tão longe do projeto de solidariedade e paz que lhe deu origem?
Será também afirmar, sem quaisquer tergiversações, que o empobrecimento e o apelo à emigração não
são nem nunca serão instrumentos válidos para a construção da competitividade de uma economia, do
mesmo modo que será sempre eticamente ilegítimo pretender que a construção de um mercado único e
aberto possa ser feita à custa da dor de legiões de desempregados ou do sacrifício de gerações.
Aplausos do PS.
Será também assegurar a sustentabilidade do Estado social.
Será lutar por um desenvolvimento que seja ambientalmente sustentável, ao invés de propor um modelo de
industrialização que o sacrifique.
Será agirmos sempre preservando a liberdade, de modo a proporcionarmos a um número cada vez maior
dos nossos concidadãos uma situação que os torne menos desiguais em relação a indivíduos mais
afortunados por nascimento e condição social.
Aplausos do PS.
É, enfim, ter sempre presente, como sintetizou essa figura maior do pensamento político do séc. XX, Isaiah
Berlin, que «o fim último da ação política é minorar o sofrimento humano suscetível de poder ser minorado».
Quando o fizermos — e sempre que o fizermos — estaremos a homenagear aqueles que, há exatamente 40
anos, em Aveiro, tiveram a coragem física e moral de se reunirem num Congresso e de sonhar um País mais
justo, próspero e solidário.
Aplausos gerais.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — A figura regimental ao abrigo da qual o Sr. Deputado usou da palavra
não dá lugar a pedidos de esclarecimento. Mas a sua interpretação extensiva, encontrando-nos Parlamento e
seguindo a doutrina que a Sr.ª Presidente tem deixado, a Mesa regista a inscrição dos Srs. Deputados Maria
Paula Cardoso, do PSD, Raúl de Almeida, do CDS-PP, António Filipe, do PCP, e Pedro Filipe Soares, do BE,
que pretendem associar-se a esta homenagem do Sr. Deputado Filipe Neto Brandão ao 40.º Aniversário do
Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Paula Cardoso.
A Sr.ª Maria Paula Cardoso (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Um cumprimento especial
para o meu colega de distrito, Deputado Filipe Neto Brandão.
Não posso deixar de me congratular por ter trazido aqui, hoje, uma data importante para todos os
aveirenses, no simbolismo que tem e no que representa para quem se sente efetivamente de Aveiro.