I SÉRIE — NÚMERO 74
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Democrática teve, nesse quadro, uma importância fundamental. É uma iniciativa emblemática, não apenas
pela riqueza de conteúdos do próprio Congresso, das suas conclusões, das contribuições que ali foram
apresentadas, mas também pela repressão que selvaticamente se abateu sobre os congressistas que
prestaram a sua homenagem ao túmulo de Mário Sacramento.
Este é um momento muito marcante da luta pela democracia, de defesa dos valores da democracia, e hoje,
na situação difícil que o nosso país atravessa, importa que os valores democráticos sejam amplamente
afirmados por todos os democratas portugueses.
Portanto, em nome da bancada do PCP, queria felicitar a sua intervenção e felicitá-lo, Sr. Deputado Filipe
Neto Brandão, pela justa e oportuna evocação que fez nesta Câmara do III Congresso da Oposição
Democrática.
Aplausos do PCP, do PS, do BE e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de
Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Deputado Filipe Neto
Brandão, queria dizer-lhe que o Bloco de Esquerda acompanha a sua exposição sobre uma matéria
importante para Aveiro, que lavrou na História de Portugal da luta pela democracia o nome da cidade de
Aveiro, e por isso também o nome do distrito de Aveiro, mas que deixou bem mais alto marcada a História do
País no que respeita a momentos importantes para essa luta, feita no Congresso da Oposição Democrática,
feita pelos trabalhadores, feita pelas populações.
Sendo já visível a desagregação da ditadura, lutava-se em Aveiro pela democracia e pela liberdade. Por
isso, o Congresso foi o adubo daquilo que foi, depois, a Revolução de Abril, daquilo que foi a primavera que
nos trouxeram a liberdade e a democracia. É bom lembrarmo-nos, porque quem tem História garante o seu
futuro. E é bom lembrarmo-nos, na História, daquilo que construiu esta democracia, daqueles que perderam a
vida lutando pela liberdade e daqueles que ganharam muitas outras vidas ao ganharem essa liberdade.
Aveiro marcou nos livros da História este momento, e muitos vivem ainda hoje na sua memória as
experiências desses dias.
Da parte do Bloco de Esquerda, termino como comecei, ou seja, reforçando os votos pela liberdade, pela
necessidade contínua de aprofundamento da democracia e pelo espírito republicano de haver a capacidade de
cada pessoa dizer aquilo que lhe vai no espírito, aquilo que lhe vai na ideia, aquela voz que cada um e cada
uma de nós tem e que ninguém pode calar.
Aplausos do BE, do PS, do PCP, de Os Verdes e de Deputados do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Neto Brandão.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Sr.ª Presidente, regimentalmente competir-me-ia a palavra. Nenhuma
questão me foi dirigida, não obstante quero agradecer as intervenções de todos os Srs. Deputados.
Em concreto, quero dizer à Sr.ª Deputada Maria Paula Cardoso, que fez uma referência à comissão
executiva, que deliberadamente entendi não o fazer por entender que tal seria injusto em relação a todos
aqueles que anonimamente — e muitos deles com particulares sacrifícios — tiveram a coragem, física e moral,
de estarem em Aveiro nesses dias e assim darem o seu testemunho e o seu sacrifício em nome da liberdade.
Sr.ª Presidente, a República já reconheceu a Aveiro pergaminhos no combate pela liberdade através do ex-
Presidente da República Jorge Sampaio, que distinguiu Aveiro com a Ordem da Liberdade, com fundamento
precisamente nos congressos republicanos.
Queria terminar a minha intervenção com as palavras de um grande poeta e escritor português, Miguel
Torga, que tem a particularidade de ter estado presente em todos os congressos de Aveiro. Eis as palavras
com que ele então se dirigiu, no seu Diário, a Aveiro: «Gosto desta terra (…) Entra-se nela, e respira-se de
outra maneira. O peito oprimido enche-se dum oxigénio imprevisto e generoso, ainda nativo, e já com todo o
iodo tónico do largo. O iodo tónico da Liberdade». É verdade que se respira de outra forma em Aveiro.