I SÉRIE — NÚMERO 77
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Sendo assim, penso que seria útil que, de forma serena, discutíssemos o que está em causa neste
despacho. Vejamos, este despacho tem várias características, a primeira das quais é a excecionalidade…
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada, peço desculpa por interromper, mas fui informada de que duas
bancadas não estão a receber som.
Pausa.
Sr.ª Deputada, já pode prosseguir. Peço desculpa pela interrupção, mas temos de ter condições ao nível do
som.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, muito obrigada.
Como eu estava a dizer, este despacho tem uma característica fundamental, de que, aliás, a Sr.ª Secretária
de Estado já falou, que é a excecionalidade.
Como é óbvio, não podemos entender este despacho como se ele fosse para uma situação regular.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É mesmo irregular!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E se é verdade que o próprio despacho fala na decisão do Tribunal
Constitucional, que é para cumprir e para respeitar, independentemente do que cada um de nós possa achar
da mesma,…
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … também é verdade que há mais fatores que fazem com que a
nossa situação seja excecional. Por exemplo, é o caso de estarmos sob um plano de assistência financeira; de
se estar a iniciar um processo de renegociação dos reembolsos que, se não for bem-sucedido, pode significar
que a gestão da nossa dívida pública vai ser completamente impossível já no ano que vem;…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem lembrado!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … e também de já estarmos a falar da possibilidade da vinda
excecional da troica a Portugal.
O Sr. João Oliveira (PCP): — A Sr.ª Deputada só diz isso porque já não é secretária de Estado!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Mais: ao contrário daquilo que aqui tem sido dito — é bom que isto
fique claro porque há portugueses que estão a ouvir-nos e que podem não perceber o que se está a passar —,
este despacho não suspende a despesa pública, não congela o funcionamento do Estado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Como é evidente!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Isso é falso! As despesas com pessoal e os salários estão
excecionados. Os contratos em execução, que são a esmagadora maioria dos contratos no Estado, estão
excecionados.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Então, para que serve o despacho?
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — As prestações sociais estão excecionadas, não estão congeladas. A
título de exemplo, já há, aliás, declarações de fonte do Ministério da Saúde explicando que a generalidade das
despesas vão continuar com normalidade, e o Ministério da Administração Interna diz exatamente o mesmo.