I SÉRIE — NÚMERO 82
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Comecemos pelos factos: a execução orçamental do 1.º trimestre em Portugal foi desastrosa. Não vale a
pena o Governo e a maioria tentarem distorcer a realidade. Não vale a pena, em particular, tentarem dizer que
foram cumpridos os critérios. O passado deste Governo está cheio de critérios cumpridos e metas falhadas
Aplausos do PS.
O défice global das administrações públicas, no 1.º trimestre, triplicou e atingiu os 1358 milhões de euros.
Na conta consolidada da administração central e da segurança social, a despesa corrente aumentou 9,2%.
Um enorme crescimento, quando comparado com os 3,8% previstos no Orçamento ainda em vigor, e um sinal
claro da ausência de política de emprego e de dinamização económica.
Os juros da dívida aumentaram. A despesa primária cresceu 6,2%, ainda que em parte por opções
conjunturais de gestão de ciclo, o que contraria a principal linha de defesa do Governo quando afirma que tem
resultados na sua política de consolidação.
No que diz respeito à despesa, só as despesas com o pessoal, pelas razões que todos conhecemos, têm
um comportamento verosímil com o orçamentado.
O investimento público caiu 28%, uma queda superior ao investimento privado. Sr. Deputado Paulo Batista
Santos, Srs. Deputados, que credibilidade tem o discurso sobre crescimento e emprego com estes
indicadores?
Aplausos do PS.
Nos impostos, só a cobrança de IRS sobe, devido ao enorme aumento de impostos sobre as remunerações
dos trabalhadores e as pensões.
Apesar de todos os aumentos de taxas, incluindo a aplicação da taxa máxima na restauração e na energia,
e da pressão fiscal brutal, a receita do IVA continua a cair e a ser um sintoma claro da gravíssima espiral
recessiva que estamos a sofrer.
A receita global está a cair 2,2%, quando este Orçamento, ainda em vigor, previa um crescimento de 3,1%.
A queda dos impostos indiretos é o melhor dos sensores que podem existir de uma fraca, muito fraca e
esquelética dinâmica económica.
A administração local apresentou um défice de 106,5 milhões de euros, reconhecendo, assim, o Governo
que o resultado do ano passado só foi possível porque as autarquias foram obrigadas a adiar pagamentos a
fornecedores. E, agora, aqui está o reflexo.
O saldo da segurança social caiu para metade do registado no 1.º trimestre de 2012. O Governo continua a
fragilizar o sistema de segurança social. As contribuições continuam abaixo do previsto e a variação do
desemprego muito acima daquilo que estava contabilizado.
Aumentaram os prazos de pagamento da administração às empresas, e isso tem consequências no
financiamento da economia.
Estes resultados, já de si profundamente calamitosos, ainda iludem a obrigação constitucional do Governo
de devolver um subsídio à função pública e aos pensionistas.
Aplausos do PS.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Até aqui, falei de factos, mas, infelizmente, vou ter que vos falar
também de métodos. Porque, em democracia, não vale tudo, em democracia não vale tudo!
A forma como o Governo comunicou os dados da execução orçamental constituiu um ato da mais pura
propaganda, inaceitável face à importância do que estava em jogo e ao direito que os cidadãos têm de
conhecer a verdade sobre as contas públicas do nosso País.
Aplausos do PS.