26 DE ABRIL DE 2013
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Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Presidente da República: — Com efeito, nos termos do Tratado Orçamental, o País terá de
assegurar um défice estrutural não superior a 0,5% do PIB e o rácio da dívida pública de 124%, previsto para
2014, terá de convergir no futuro para 60%. Para alcançar estes objetivos, Portugal terá de manter superavits
primários muito significativos durante um longo período.
Tudo isto se irá processar num quadro em que já não beneficiaremos de empréstimos externos nos moldes
até agora praticados, ficando inteiramente dependentes dos mercados para satisfazer as necessidades de
financiamento da economia e do Estado. É fundamental que todos os portugueses estejam bem conscientes
desta realidade.
Tendo em conta estas exigências, que se irão prolongar por muitos anos, o País não pode afastar-se de
uma linha de rumo de sustentabilidade das finanças públicas, de estabilidade do sistema financeiro e de
controlo das contas externas. A não ser assim, seríamos obrigados, se as instituições internacionais
estivessem na disposição de o fazer, a um novo recurso à ajuda externa, e dessa vez, muito provavelmente,
em condições mais duras e exigentes do que aquelas que atualmente tantos sacrifícios impõem aos
portugueses.
Que não haja ilusões.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Presidente da República: — Portugal tem de preparar-se para o final do Programa de Assistência, o
que irá ocorrer já no próximo ano.
Os nossos agentes políticos, económicos e sociais têm de estar conscientes que deverão atuar num
horizonte temporal mais amplo do que aquele que resulta dos calendários eleitorais.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sejam quais forem esses calendários, sejam quais forem os resultados das eleições, o futuro de Portugal
implica uma estratégia de médio prazo que tenha em atenção os grandes desafios que iremos enfrentar
mesmo depois de concluído o Programa de Assistência Financeira em vigor.
Protestos do PS.
Nessa altura, o País tem de estar em condições estruturais de credibilidade e governabilidade capazes de
garantir a confiança das instituições da União Europeia e dos mercados financeiros, pelo que, no plano
político, é imperioso preservar a capacidade de gerar consensos em torno do caminho a seguir para alcançar
os grandes objetivos nacionais.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Se se persistir numa visão imediatista, se prevalecer uma lógica de crispação política em torno de questões
que pouco dizem aos portugueses, de nada valerá ganhar ou perder eleições,…
Protestos do PS.
… de nada valerá integrar o Governo ou estar na oposição.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É essencial que, de uma vez por todas, se compreenda que a conflitualidade permanente e a ausência de
consensos irão penalizar os próprios agentes políticos, mas, acima de tudo, irão afetar gravemente o interesse