I SÉRIE — NÚMERO 86
16
O Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — Ora, queria reiterar
que não está em causa a perda de serviços de proximidade, de regularidade e de qualidade ao nível do
serviço universal postal.
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Muito bem!
O Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — Segundo aspeto: a
confidencialidade está absolutamente garantida e verificada por uma entidade independente do regulador — a
ANACOM.
Vozes do PCP: — Ah!…
O Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — Não vale a pena
lançar anátemas sobre o medo que as pessoas têm de ser dado conhecimento dos seus dados, porque isso
não existe. Sr. Deputado Bruno Dias, digo-lhe, olhos nos olhos: não existe!
Terceiro aspeto: quando procedemos à transposição da terceira diretiva postal com a plena liberalização,
garantimos que o regulador independente, dotado de meios, fosse capaz de verificar os níveis de serviço, a
qualidade e regularidade do mesmo. Reforçámos o poder dos reguladores e reforçámos, ainda, as fontes de
financiamento.
Que não pensem nunca os nossos cidadãos que, com a privatização, mais tarde o custo da prestação do
serviço virá para o erário público, porque não vem, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas fica lá o lucro!
O Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — Tivemos ocasião de
debater, nesta Câmara, a criação de um fundo de compensação, se bem se lembram, elogiado pelos
senhores, que taticamente hoje se esquecem do elogio que fizeram naquela altura. A verdade é que elogiaram
o facto de serem os operadores do serviço a pagarem pelo mesmo e não o Estado, por via indireta.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Já agora, era só o que faltava!
O Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — Isto porque, hoje, os
CTT têm serviços lucrativos e não lucrativos, e os não lucrativos são subsidiados pelos lucrativos.
Ora, os serviços que garantem o serviço universal postal passarão a ser pagos pelos próprios operadores,
não haverá subsidiação cruzada, o Estado terá plena captura do valor dos CTT, nomeadamente dos seus
serviços lucrativos, na venda que fará do capital.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — Gostava, ainda, de
deixar muito claro, para todos nesta Câmara, um aspeto essencial: os preços de prestação do serviço
continuarão a ser regulados e, ao contrário do que os senhores dizem, não haverá qualquer possibilidade de a
entidade, pública ou privada, que gerir os CTT, que ficar responsável pela prestação deste serviço no futuro
fixar unilateralmente o preço. O preço será definido pelo regulador atentos os custos, a qualidade e a
densidade desse mesmo serviço.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Como a eletricidade?
O Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: — Por fim, o fantasma
do despedimento. É sempre assim, a história repete-se!
Há bem pouco tempo, travámos aqui um debate de urgência sobre a privatização da ANA, a privatização
da TAP, a destruição e o despedimento massivo que existiria. Lembro-me até de uma outra discussão sobre a