11 DE MAIO DE 2013
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— A canábis é indutora de dependência, pânico, ansiedade, depressão ou psicose, sendo ainda um fator
de risco para doenças mentais;
— O risco de dependência entre aqueles que alguma vez já consumiram canábis é de 10%; e
— O abuso do consumo de canábis aumenta o risco de episódios psicóticos e agrava os sintomas e a
ocorrência de esquizofrenia.
Neste contexto, atentas as insuficiências do projeto de lei em presença, os efeitos negativos que o
consumo liberalizado da canábis provocaria na saúde humana — em particular no caso dos jovens — e,
finalmente, a forma demagógica e irresponsável como o Bloco de Esquerda apresentou a sua iniciativa
legislativa, entenderam os Deputados abaixo assinados dever votar contra o projeto de lei n.º 403/XII (2.ª).
Os Deputados do PSD, Cristóvão Simão Ribeiro — Laura Esperança — Cláudia Monteiro de Aguiar —
Bruno Coimbra — Elsa Cordeiro — Bruno Vitorino — Luís Vales.
——
Votei o presente projeto de lei com o sentido de voto da minha bancada, chumbando o mesmo.
A proposta do Bloco de Esquerda vem trazer a debate um tema polémico e de difícil avaliação.
Se, por um lado, reconheço o caráter recreativo da cannabis e o seu potencial enquanto instrumento de
relaxamento, por outro, não me esqueço dos problemas de saúde associados ao seu consumo,
nomeadamente a nível pulmonar e psicológico, bem como a complexidade associada ao tráfico de
estupefacientes.
Rejeitar a existência de problemas de saúde associados ao consumo de cannabis é tão estupido quanto
não reconhecer os problemas de segurança associados ao seu tráfico ou o caráter recreativo e de
relaxamento da referida substância.
Tendo sido um consumidor ocasional no início da minha idade adulta, vi todas estas vertentes de perto. E
do que tenho estudado sobre o tema, apercebo-me de que os especialistas médicos e das forças de
segurança não têm uma opinião consensual sobre o caminho a seguir.
Penso que devemos manter um debate alargado, que tenha em conta toda a realidade associada ao
consumo desta substância.
Tendo em conta o acima exposto, ter-me-ia abstido na presente votação.
O Deputado do PSD, Luís Menezes.
——
O signatário votou contra o projeto de lei n.º 403/XII (2.ª), apresentado pelo Grupo Parlamentar do Bloco de
Esquerda, que preconizava a legalização do cultivo de canábis para consumo pessoal e a criação de um
enquadramento legal para os denominados «clubes sociais de canábis».
Desde logo, cumpre deixar claro que o PSD não é um partido de matriz proibicionista em matéria de
comportamentos sociais, perfilhando, antes, o personalismo e o humanismo, assentes numa ética de
responsabilidade em que as escolhas dos cidadãos têm lugar de forma consciente e esclarecida, sopesando
adequadamente os riscos e efeitos inerentes às suas condutas sociais e individuais.
A verdade, porém, é que a canábis é atualmente um problema social que não pode nem deve ser ignorado,
tanto mais que se verifica a tendência de o seu consumo se iniciar em fases cada vez mais jovens dos
indivíduos.
Aliás, segundo dados recentes do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas
Dependências (SICAD), dos cerca de 5000 novos doentes inscritos em 2012 na rede pública de cuidados a
toxicodependentes, 915, ou seja, 17% referiram a canábis como droga principal, o que significa que está a
subir o número de pessoas que assumem que o consumo de canábis é um problema nas suas vidas.
De resto, seria um risco que o cultivo da canábis nos moldes propostos pela iniciativa do Bloco de
Esquerda, apesar de eufemisticamente considerado apenas para consumo pessoal, constituísse um objetivo