I SÉRIE — NÚMERO 97
18
diploma legal posterior (artigo 16.º do projeto de lei), que defina os prazos e condições para fazer cessar as
concessões a entidades privadas que vigoram atualmente.
Ora, esta previsão contraria, frontalmente, as regras que já hoje vigoram e que, mais recentemente, foram
confirmadas e ampliadas pela Assembleia da República, ao aprovar a revisão à Lei de Delimitação dos
Setores.
Sr.as
e Srs. Deputados: A opção de concessionar a privados as atividades relativas à água ou aos resíduos
é uma faculdade que existe na lei há duas décadas e, ao abrigo da qual, muitos municípios, no quadro da
autonomia que lhes assiste, abriram concursos públicos e concessionaram tais atividades a privados. Fazer
cessar essas concessões antes do seu termo, para além de desrespeitar aquela que foi uma opção legítima
dos municípios, faria incorrer os mesmos em avultadas indemnizações que iriam agravar a situação das
contas públicas, sem que daí advenha qualquer benefício.
Consideramos, assim, que o projeto de lei deve ser rejeitado.
Quanto aos projetos de resolução, apresentados pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP…
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — Concluirei, Sr. Presidente, dizendo que esses projetos são muito
parecidos, tanto na forma como na substância, o que é normal, pois ideologicamente estão próximos, com os
argumentos a que nos habituaram contra a privatização, que está prevista no Programa de Ajustamento
Económico e Financeiro.
Em relação ao projeto de resolução do Partido Socialista, tem toda a razão, quando diz que os CTT são
uma empresa de prestígio, na qual todos os portugueses se reveem, mas critica a forma como foram feitas as
privatizações, dizendo que não tem sido transparente e rigorosa.
Se o Partido Socialista considera que existiu algo menos transparente, pode e deve acionar os
mecanismos legais para o efeito.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — Por último, o mais surpreendente: pede o Partido Socialista a
suspensão da privatização dos CTT, quando foi o Partido Socialista que a colocou no Memorando de
Entendimento, em 17 de maio de 2011,…
Vozes do CDS-PP: — Bem lembrado!
A Sr.ª Margarida Neto (CDS-PP): — … vinculando o Estado português à obrigação de proceder a essa
privatização. É surpreendente!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quando falamos nos CTT —
Correios de Portugal, estamos a falar de uma empresa que constitui um exemplo, no que diz respeito à
prestação de bons serviços postais aos cidadãos, com uma qualidade reconhecida não só a nível nacional
como também a nível internacional.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — E mesmo apesar da má administração do serviço público de
correios, que tem, de certa forma, vindo a fragilizar a qualidade do serviço prestado aos portugueses — e cuja
responsabilidade tem de ser atribuída aos conselhos de administração, mas também a quem os nomeia, é