I SÉRIE — NÚMERO 103
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Portuguesa do Ambiente; este é o Governo que termina com as delegações regionais da floresta; este é o
Governo que em todas as decisões — em todas! — que tomou em matéria da reforma administrativa do
Estado o que fez foi centralizar e não descentralizar.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Sr. Deputado, tenho três questões para lhe colocar. Em primeiro lugar,
considera ou não fundamental que a reforma a fazer da administração do Estado seja feita com bases nas
cinco regiões-plano? Esta é, aliás, uma questão concreta para o PSD, ou seja, pergunto-lhe se a base da
reforma do Estado em matéria de administração deve ou não deve seguir a lógica das cinco regiões.
Segunda questão: considera ou não fundamental o reforço da coordenação por via das comissões de
coordenação e desenvolvimento? Isto é, as CCDR (comissões de coordenação e desenvolvimento regional)
hoje têm um papel absolutamente irrelevante, do ponto de vista regional. Devemos ou não reforçar esse papel
das CCDR?
Finalmente, devem ou não ser reforçadas as verbas para os programas operacionais regionais, no próximo
quadro comunitário de apoio?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Virgílio
Macedo.
O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Freitas, muito obrigado
pelas suas questões.
Sr. Deputado, a minha intervenção não foi dirigida ao Governo, a minha intervenção foi dirigida a todos os
grupos parlamentares deste Hemiciclo.
Mas, ainda bem que o Sr. Deputado concorda com a minha intervenção, pois isso é sinal que vamos a
caminho do consenso no que respeita à reforma que temos de efetuar relativamente ao nosso Estado, ao
Estado que podemos ter, ao Estado que queremos ter, no futuro.
Efetivamente, Sr. Deputado, todos temos de ter consciência e todos temos de assumir a nossa
responsabilidade enquanto parlamentares no sentido de estarmos disponíveis para essa discussão
fundamental para o futuro do nosso País.
Todos temos de ter consciência — todos somos portugueses! — de que é imperativo efetuar essa reforma
do Estado e todos temos de ter o sentido de responsabilidade para nos sentarmos à mesa sem preconceitos e
sem pré-conceitos para discutir, claramente, o Estado que queremos e que podemos ter no futuro.
Espero, pois, que a sua intervenção seja o entreabrir de portas para essa discussão mais alargada em
torno da reforma do Estado.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado António
Braga.
O Sr. António Braga (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O atual Governo da República tem
uma capacidade infinita de nos surpreender. Quando julgávamos ser impossível fazer pior, aí vem ao de cima
a criatividade e a inovação em nova trapalhada. Cada uma é ainda mais imprevisível do que a anterior.
Estamos diante de um Governo que, com o passar dos dias, perde mais equilíbrio e reforça o desnorte em
áreas de governação fundamentais.
A crise económica e financeira de Portugal é um mal maior que se agrava de cada vez que se avalia a
execução das políticas do Governo, mas a crise política, a desorientação, a falta de senso, caminham paredes
meias com o desastre social que as políticas de austeridade criaram.
Do experimentalismo financeiro à arrogância política, o Governo gastou menos do que um passo.