19 DE JUNHO DE 2013
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Deputada referiu a Secretária de Estado Maria Luís Albuquerque, mas devo dizer que, no relatório da IGCP,
são identificados seis contratos que tiveram a participação da Sr.ª Secretária de Estado e dois desses são
identificados como contratos de elevado perfil especulativo.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Concluo, Sr. Presidente.
A questão que quero colocar é se considera ser adequada a linha que tem sido seguida pelo Governo na
negociação para tentar reduzir as perdas potenciais.
Sabemos que, nos últimos meses, através desta renegociação, um conjunto de perdas potenciais já se
transformou em perdas reais; de um conjunto de 900 milhões de euros potenciais, 546 milhões de euros já
foram pagos ao sistema financeiro, ou seja, tornaram-se perdas reais. Isto só representa uma redução de 40%
das perdas potenciais.
A pergunta é se considera que esta linha de negociação é adequada ou se se deviam mesmo pôr em
causa estes contratos swap.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente, vou tentar agora ser mais disciplinada com o tempo, como
sugeriu.
Agradeço muito as questões que o Sr. Deputado Paulo Sá coloca, que creio serem fundamentais.
Quero apenas assinalar aquilo que me parece ser um facto político óbvio. É que, aparentemente, o CDS
não fará a defesa da Sr.ª Secretária de Estado do Estado do Tesouro e, portanto, mantem este silêncio
ensurdecedor quer sobre a questão dos swap quer sobre o desempenho particular da Sr.ª Secretária de
Estado Maria Luís Albuquerque.
Sr. Deputado Paulo Sá, creio que estamos perante uma situação complicada e uma das razões por que o
Bloco de Esquerda traz esta matéria a Plenário, entendendo que é sítio respeitável da democracia portuguesa
e que aqui podemos discutir as questões candentes da vida política, é a de saber como é que é possível a
maior parte dos cidadãos, e até dos Deputados, descobrirem, dois anos depois de ser dado o alerta, a questão
dos contratos swap, as perdas potenciais terem duplicado e o Governo, que atacou todos os setores de
rendimento em Portugal, nomeadamente as famílias, os pensionistas, os serviços públicos, não ter estado
preocupado com esta matéria. Agora, que as perdas potenciais subiram — e, neste momento, conhecemos
esta matéria mas ainda não a conhecemos com detalhe —, subitamente, está a fechar negociações com as
diferentes instituições bancárias, quando sabemos que há várias recomendações que dizem que o Estado
português nada deve pagar por contratos especulativos.
Portanto, um Governo que foi tão forte com os desempregados, reduzindo subsídio de desemprego, com
as famílias, com as crianças, que tinham passe escolar e deixaram de ter — isto no setor dos transportes —,
com os reformados, cortando nos serviços públicos, na saúde, na educação, em todo o lado, agora parece
extraordinariamente generoso em fazer esta negociação de milhões com as várias instituições financeiras,
quando aquilo que tinha de fazer, em nome dos contribuintes e do interesse público, era ir a tribunal e dizer
que nada paga.
Pior: o Governo está a pagar à JP Morgan, que teve contratos com a Sr.ª Secretária de Estado quando ela
era diretora financeira da REFER, ao mesmo tempo que a JP Morgan é classificada como das instituições que
vendeu mais contratos especulativos às empresas públicas, e, a seguir, contrata a JP Morgan para fazer
assessoria financeira na privatização dos CTT.
E quem é que contrata? A mesma Secretária de Estado! Isto é absolutamente extraordinário! Como é que
esta única Secretária de Estado, que teve tanta responsabilidade no passado a assinar contratos, depois a
silenciar esta matéria durante dois anos, agora a finalizar contratos com prejuízo para os contribuintes
portugueses, volta a contratar as mesmas instituições que já nos enganaram no passado?