I SÉRIE — NÚMERO 103
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Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Há muito para fazer dentro e fora de Portugal. Na Europa é urgente
maior autonomia das posições políticas do País, face aos que apenas olham o seu umbigo económico e
financeiro.
Quem age por si, em nome dos superiores interesses daqueles que representa, pode concertar melhores
posições na construção de soluções face às dificuldades.
Querer parecer formiga de carreiro atrás de outros interesses traz maus resultados, como se tem visto. A
inexistência de posição autónoma no seio da zona euro, aceitando apenas uma qualquer boleia, é abandonar
o património de um país com quase 900 anos de história.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Isso mesmo!
O Sr. António Braga (PS): — Nunca iremos por aí. E hoje já todos sabem que muitas das ideias lançadas
há dois anos pelo PS estão a fazer o seu caminho na Europa, uma descoberta que este Governo procura,
agora, sugerir como o outro caminho, inovador.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, tem dois pedidos de esclarecimento, dos Srs.
Deputados Miguel Santos e Helena Pinto.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Santos.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Braga, antes de mais, quero
congratulá-lo pela declaração política que proferiu, na medida em que me permite ter uma oportunidade de o
confrontar com um ou dois aspetos que gostava de lhe colocar.
O primeiro aspeto é uma interpretação que faço de um fado e de uma sina que este País tem.
Vozes do PS: — Muitos fados e muitas sinas!
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Muitos fados e muitas sinas, sim, mas queria restringir-me a um que lhe
vou apontar de seguida.
É um fado e uma sina que se vem verificando nas últimas duas décadas e meia, quando o Partido
Socialista assume os destinos e a governança desta Nação, e normalmente isto acaba mal. Temos vários
exemplos, e um mais recente será, talvez, um Governo anterior ao Governo do Sr. Eng.º José Sócrates, que
era um governo de um outro engenheiro, o Eng.º António Guterres, que acabou, nas palavras do próprio, num
«pântano» e com as finanças públicas em situação de desequilíbrio e de descontrolo.
Nessa altura, os portugueses chamaram um governo com a participação forte do PSD para, de facto, pôr
as finanças públicas em ordem e voltar a reequilibrar o Estado e o País.
Esse Governo, como sabemos, não concluiu o seu trabalho, porque a legislatura foi interrompida.
Depois, tivemos um novo fado e uma nova sina com um novo governo do Partido Socialista, desta vez
encabeçado pelo Sr. Eng.º José Sócrates e em que o Sr. Deputado António Braga também teve uma
participação de destaque pelas responsabilidades que assumiu, e mais uma vez esse Governo do Partido
Socialista — triste fado e triste sina! — voltou a devolver o País aos portugueses numa situação de
desequilíbrio tão grave e tão profundo que houve necessidade, depois de muitos meses a tentar protelar e a
arranjar pretexto para evitá-lo, de reconhecer esse desequilíbrio em que o País estava mergulhado e pedir
ajuda internacional em condições absolutamente extraordinárias para conseguir fazer face às despesas, aos
encargos, às responsabilidades que o País tinha de enfrentar.
E, mais uma vez, ao Partido Social Democrata foi confiada a difícil e espinhosa tarefa…
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Vou concluir, Sr. Presidente.