I SÉRIE — NÚMERO 103
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Esta luta, Sr.as
e Srs. Deputados, é uma luta dos sindicatos. Não é uma luta dos professores, é uma luta
dos sindicatos.
Aplausos do PSD.
Srs. Deputados, vamos continuar a penalizar os alunos e a escola pública por força da agenda sindical?
Ou, Sr.a Deputada, esta é a agenda do PCP, não dos alunos, não dos professores, não da escola pública?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — A agenda do PCP?!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.a Deputada Rita Rato, pergunto se pretende responder a cada
pedido de esclarecimento individualmente ou no final.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Responderei um a um, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem, então, a palavra, Sr.a Deputada.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.a Deputada, agradeço a questão que coloca.
De facto, eu não sou professora, pelo que não fiz greve. Mas fizeram greve milhares e milhares de
professores que, naturalmente, não são do PCP. Alguns serão, mas isso não menoriza as suas condições de
exercício da democracia, muito pelo contrário.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Por isso, estamos solidários com todos os professores que fizeram greve,
inclusivamente os que são do PSD. Houve 90% de adesão no dia de ontem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É obra!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — E houve 95% de adesão na greve às avaliações! Naturalmente que muitos
professores militantes do PSD e outros simpatizantes se reveem na necessidade absoluta da defesa do
emprego com direitos e da escola pública de qualidade.
A Sr.a Deputada conhece aquele discurso de quem diz, muitas vezes, que se governa lá longe, nos
gabinetes, não se conhecendo o terreno, e que, portanto, as opções políticas não refletem nem têm em
atenção a realidade do País. Muitas vezes, os que dizem isto são os que não querem reconhecer que aqueles
que estão nos gabinetes, aqueles que sustentam despedimentos na Administração Pública conhecem
efetivamente a realidade do País, mas não é por desconhecimento é por opção política.
Este pacto da troica pretende atirar para o desemprego milhares e milhares de professores, mas não é
porque a troica ou o Ministro da Educação não saibam que eles fazem falta, é porque o compromisso de
destruição das funções sociais do Estado para benefício do poder económico e dos grupos financeiros se
sobrepõe ao da valorização da escola pública de qualidade.
E, se falta de exemplo houvesse, o número de professores que faz parte, e legitimamente, na bancada do
PSD conhece a realidade das escolas. A Sr.a Deputada, que é professora, até conhece melhor do que eu a
aplicação destas medidas e como isto coloca em causa a qualidade pedagógica no processo de
aprendizagem.
Por isso é que a greve de ontem dos professores e a luta que estão a travar desde o dia 7 de junho tem
esta importância significativa: é uma luta em defesa do emprego, contra os despedimentos, contra o aumento
do horário de trabalho; mas é, sobretudo, uma luta pela escola pública e pela qualidade da escola pública,
conforme está consagrada na Constituição. E na História ficam aqueles que não vergam e que não deixam de
lutar pelo regime democrático e pela dignidade da vida dos alunos e dos professores.