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I SÉRIE — NÚMERO 103

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para a defesa da escola pública, muito pelo contrário. É também por isto que os professores continuarão em

luta até dia 27, pois têm um papel muito importante na greve geral.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia também para pedir

esclarecimentos.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Rita Rato, se me permite,

começaria por saudar, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», todos os

professores que ontem fizeram greve.

De seguida, queria dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que o conceito de democracia deste Governo PSD/CDS é

extraordinariamente preocupante. Com o desenrolar deste folhetim de resposta do Governo a este direito à

greve, o Governo demonstrou que entende que as pessoas têm direito à greve desde que essa greve não

tenha impacto rigorosamente nenhum e que ninguém a sinta. É assim que o Governo entende que há direito à

greve.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Uma greve que não chateie!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Porque quando o direito à greve toca alguém, o Governo entende

que já não há legitimidade para a greve, subvertendo totalmente um dos instrumentos de luta fundamental

para que os trabalhadores portugueses se façam ouvir. Este Governo, de facto, tem-se mostrado de uma

arrogância absoluta, que, atrevo-me a dizer, Sr.ª Deputada, põe em perigo a democracia.

De resto, aquilo que temos andado a discutir nos últimos tempos relativamente ao não pagamento do

subsídio de férias demonstra de forma clara que o Governo, tal como aconteceu na resposta que deu a este

direito à greve, entende que a única coisa que tem a demonstrar é isto: eu faço como quero! É esta a atitude

permanente do Governo, e é absolutamente intolerável.

E é intolerável, Sr.ª Deputada, ainda mais quando o que estes professores procuraram dizer ao Governo é

que não podem aceitar que ele os ameace com mais uma lógica de despedimento e de desqualificação das

suas condições de trabalho, porque quando assim faz põe em causa a vida concreta destas pessoas e das

suas famílias, mas também a qualificação e a valorização da escola pública.

Estas pessoas são também escola pública! Estas pessoas querem também a qualificação da escola

pública, porque é isso que serve aos alunos. Ora, aquilo que temos verificado da parte do Governo é um

desinvestimento financeiro rotundo na escola pública, uma degradação absoluta de investimento mas também

de pessoal. Pergunto-me como é que isso serve aos estudantes portugueses. Portanto, o que estamos a fazer

é a marcar um futuro de desqualificação.

A Sr.ª Deputada do PSD ainda há pouco dizia que é preciso que a tranquilidade volte às escolas. Pois é,

mas, Sr.ª Deputada, a quem é que compete levar a tranquilidade às escolas?

O Sr. Pedro Lynce (PSD): — A todos!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — E leva-se a tranquilidade às escolas apontando aos professores e

dizendo-lhes «tu talvez sejas um daqueles que vai para a rua?» Não, não pode ser! Estamos a falar de

pessoas concretas, de famílias concretas e de professores que também tiveram filhos a fazer exames, mas

que tiveram dignidade para dizer aquilo que tinham a dizer ao Governo.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato para responder.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, agradeço a questão que

colocou.