19 DE JUNHO DE 2013
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Na verdade, o que temos aqui é uma perda política do PSD e do CDS em relação aos professores.
Passada a greve, nem sequer é estendida uma mão para o diálogo, nem sequer há aqui uma abertura a
quaisquer outras alterações. O Ministro já se devia ter demitido. O Ministro perdeu a máscara nesta greve. Na
verdade, ele queria um confronto, não queria outra coisa. Ele quer aplicar tudo o que é o pacote de
precaridade na área da educação.
Mas não houve aqui nem um gesto de diálogo, nem um aceno para ir ao encontro das reivindicações não
dos sindicatos dos professores — os sindicatos são porta-vozes dessas reivindicações — mas, sim, de todos
os professores.
Há uma agenda extraordinária, e ela vem de professores que votaram à direita, à esquerda e ao centro,
que votaram em todos os partidos. Querem o quê? Querem que o Ministro cumpra a sua palavra e que possa
ter uma abertura. Todas essas pessoas, e muitas outras para além dos professores, queriam que o Primeiro-
Ministro tivesse uma palavra que valesse alguma coisa no País. Não tem sido o caso, e não será o caso.
Acho que é irremediável que vai haver aqui uma rotura política e que os professores vão ter de dar um
contributo essencial, tal qual como toda a função pública, na greve geral do dia 27 de junho, para que se
possam criar condições para recuperar legitimidade política e força no diálogo social, na capacidade de
defender a escola pública e, em geral, os serviços públicos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato para responder.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Fazenda, lembra bem que na mesa das
negociações estiveram oito estruturas sindicais — a Sr.ª Deputada do PSD, há pouco, falava da agenda do
PCP — representativas dos professores, o que, de facto, tem um significado importante. Este Governo
mostrou uma indisponibilidade total para a negociação. Aliás, o Sr. Ministro nem se dignou sentar-se à mesa
das negociações com as entidades representativas e delegou isso para a pasta do CDS, que é, de facto, quem
manda no Ministério da Educação.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Por isso, este Governo, este Ministro, este Ministério do CDS teve a
desonestidade, teve a coragem cínica de não cumprir uma decisão da comissão arbitral.
De facto, há uma etapa deste processo que foge ao Governo, que nunca pensou que uma decisão destas
fosse a favor da proposta que estava em cima da mesa relativamente à comissão arbitral e aos serviços
mínimos.
Protestos do Deputado do PSD Pedro Lynce.
Quando foi chamado a cumprir a lei, este Governo, seguindo tantos outros exemplos em matéria do setor
da educação, mas também em tantas outras áreas, não cumpre a lei e não permite que neste dia de luta este
processo aconteça dentro da normalidade, dentro daquilo que está previsto, criando uma série de incidentes e
contribuindo efetivamente para um sinal de instabilidade e de graves irregularidades na condução deste
processo.
Importa aqui dizer que este Governo não começou a errar agora, nem esta foi a primeira das medidas
gravosas no setor. Aliás, este Governo, desde que tomou posse, não aplicou ainda uma medida de
valorização da escola pública. A única coisa que vê este Governo, a sua cegueira política, é apenas a
destruição da escola pública e o favorecimento da escola privada. Este Governo não vê absolutamente mais
nada que não seja a degradação da escola pública.
É também por isso que entendemos que nenhuma das medidas que estão em cima da mesa, a juntar a
tantas outras — os despedimentos, a mobilidade, o aumento do horário de trabalho, o aumento do número de
alunos por turma, a criação dos mega-agrupamentos, nalguns casos com milhares e milhares de alunos, a
reorganização curricular que permitiu o despedimento de cerca de 14 000 professores —, contribuiu em nada