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19 DE JUNHO DE 2013

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Estes são todos sinais muito preocupantes, entre outros, que revelam um conceito de educação redutor e

minimalista.

Já um sistema de educação baseado na avaliação em exames nacionais a partir dos nove anos de idade,

contrariando os movimentos internacionais, a autonomia e a capacidade das escolas em avaliar os seus

próprios alunos, revela um pensamento simplista e um desconhecimento da complexidade dos processos de

aprendizagem, para não referir o desrespeito pelos professores que os implementam.

Aplausos do PS.

Apesar das recomendações do Conselho Europeu e de todas as instituições internacionais de tratamento

de dados, incluindo a OCDE, a ciência, a cultura, as artes, e aquilo a que podemos chamar os aspetos

humanísticos das ciências sociais, têm vindo a perder terreno nas preocupações governamentais e são, no

entanto, cruciais para a educação dos cidadãos. São-no porque apelam ao pensamento crítico, ao desafío da

imaginação e à compreensão empática da diversidade das experiencias humanas, ajudando deste modo a

uma melhor compreensão do mundo complexo em que vivemos, um mundo global, em que todos dependem

uns dos outros.

Saber pensar bem, a partir de uma vasta gama de culturas e da história das suas interações, é crucial para

permitir às democracias lidar responsavelmente com os problemas que hoje enfrentamos.

Os problemas económicos, ambientais, sociais e políticos que precisamos de resolver e para os quais

precisamos de preparar as gerações futuras, são globais no seu âmbito e exigem uma cidadania reforçada,

informada, exigem competências para avaliar a evidência histórica, competências para pensar criticamente os

princípios económicos, competências para comparar visões diferentes de justiça social. Em suma, exigem

capacidade para avaliar as complexidades das sociedades no seu todo; exigem claramente mais do que uma

escola redutora, simplista, low cost.

Aplausos do PS.

Se esta tendência continua, o mundo passará a produzir gerações de trabalhadores passivos, dóceis,

tecnicamente treinados, em vez de cidadãos completos, a pensar por si só, com preparação para

compreenderem o significado das conquistas de uns e o sofrimento de outros.

A crise não pode, pois, servir de pretexto para diminuir o alcance da cidadania e reduzir os instrumentos

para uma educação humanística abrangente e eficaz. Alguns dos maiores investimentos em educação no

século XX aconteceram em países em crise, o que não acontece atualmente em Portugal: o Ministério da

Educação perdeu 2000 milhões de euros em dois anos, num quadro geral de delapidação do Estado social,

em que apenas o Ministério da Administração Interna aumentou o seu orçamento.

O atual sistema de educação é suportado por 3,5% do Orçamento do Estado (ao nível da Indonésia), face

aos 5% que já tivemos e que os países desenvolvidos ainda mantêm. Mas é suportado, em primeiro lugar, por

uma classe de professores cada vez menos especializada, porque é obrigada a ser polivalente em diferentes

áreas de conteúdos (polivalente até em funções sociais dentro do seu espaço educativo), uma classe de

professores cada vez mais envelhecida e obrigada a lecionar, em horário cada vez mais alargado, até aos 65

ou 66 anos de idade, turmas de 30 alunos, uma classe de professores disponível para se deslocar diariamente

várias dezenas de quilómetros, sem qualquer compensação extraordinária, e distribuir o seu trabalho por

várias escolas dos seus, cada vez maiores, giga-agrupamentos.

Uma classe profissional em que 77% dos professores são mulheres, às quais, para além dessas

obrigações, acrescem responsabilidades familiares ainda desiguais, numa sociedade onde as famílias

monoparentais aumentam e as redes de apoio públicas e familiares diminuem.

E tudo isto para o «sistema funcionar melhor», segundo o Ministro da Educação, para quem «é possível

cortar e o sistema funcionar melhor», para quem «o sucesso da educação não depende de dinheiro, depende

do empenho dos professores e alunos», para quem «pôr dinheiro em cima dos problemas não resolve nada».

Está enganado, Sr. Ministro, investir na educação, na última década, colocou Portugal na média de todos

os indicadores internacionais em educação,…