I SÉRIE — NÚMERO 103
42
Do ponto de vista do território, o distrito de Lisboa representa um quarto da criminalidade registada. Os
distritos de Lisboa, Porto e Setúbal representam 50% da criminalidade geral e os distritos de Lisboa, Porto,
Setúbal, Faro, Braga e Aveiro representam, no seu conjunto, praticamente 70% dessa mesma criminalidade.
É importante ter presente que nos seis distritos com maior peso relativo, todos eles — todos, sem exceção
— apresentaram decréscimos da criminalidade em 2012: 6,7% a menos em Braga, 4,4% a menos em Faro,
3,9% a menos em Lisboa, 2% a menos no Porto e 1,3% a menos em Setúbal.
Quanto à criminalidade violenta e grave, registaram-se 22 270 casos participados, assinalando-se um
decréscimo de 7,8% da criminalidade grave em relação a 2011, o que significa menos 1884 casos
participados. Ou seja, 2012, também no que diz respeito à criminalidade violenta e grave, é o segundo ano da
última década com menores valores registados (só foi superado no ano de 2007), o que é resultado, sem
dúvida, da diminuição de 12% nos roubos nas vias públicas e de 10,7% de roubos por esticão.
Estes valores são o resultado, sem dúvida, do especial empenhamento, em proximidade e visibilidade, das
forças de segurança.
Quanto ao território, continua a registar-se uma forte concentração da criminalidade violenta e grave nas
áreas metropolitanas, representando distritos como Lisboa, Porto e Setúbal mais de 70% das participações
globais. Ainda assim, e tal como sucedeu quanto à criminalidade geral, estes mesmos distritos registam uma
diminuição das participações. Em Lisboa, por exemplo, menos 12,5% e em Setúbal menos 15,8%.
Sr.as
e Srs. Deputados, estes são, a par de muitos outros, dados e linhas gerais do Relatório Anual de
Segurança Interna que VV. Ex.as
têm à vossa frente. Demonstram uma tendência de diminuição clara da
criminalidade geral e da criminalidade violenta e grave, colocando o ano de 2012 como o segundo melhor ano
da última década. Revelam os bons resultados obtidos, sobretudo, fruto do trabalho, do empenhamento e da
competência das forças de segurança.
Aplausos do PSD.
E confirmam, Sr.as
e Srs. Deputados, que este caminho que temos prosseguido ao longo dos últimos anos,
como País, é um caminho que deve ser mantido.
Tenho afirmado que é uma vantagem estratégica para o País que, no essencial, Portugal seja conhecido e
reconhecido como um destino seguro. E tenho o convencimento de que com o trabalho de mulheres e homens
das forças de segurança assim vamos continuar a ser.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís
Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Administração Interna, os relatórios de
segurança interna, de ano a ano, têm vindo a ganhar uma clareza expositiva muito grande e, nessa matéria,
todos temos vindo a ganhar.
Em todo o caso, no estudo que fiz do Relatório de Segurança Interna de 2012, foi com alguma admiração
que li, na página 147, o seguinte: «Em 2012, ao nível da contraespionagem, prosseguiu-se o trabalho de
deteção e acompanhamento das atividades de serviços de informações estrangeiros no nosso país, tendo sido
possível, nalguns casos, evitar o prosseguimento de operações hostis com elevado potencial lesivo para a
segurança e interesses nacionais».
Fiquei atónito, porque, de duas, uma: ou a situação é fortuita e, portanto, seria impublicável, ou a situação é
grave e exige-se mais informação do que esta que é dada a estampa neste documento oficial — que serviços
de informações estrangeiros? Que tipo de operações hostis? Que elevado grau lesivo da segurança nacional?
O que é que isto oculta? Na verdade, precisamos de perceber em que matéria se circunscreve a segurança
interna e qual é a política do Estado acerca disso.
Portanto, de duas, uma: esta frase ou resulta do excesso de zelo de um burocrata ou é politicamente
indefensável.
Gostaria de ouvir uma resposta do Sr. Ministro.