29 DE JUNHO DE 2013
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processo em que muitos não só tiveram uma opinião a dar como foram, efetivamente, ouvidos. Nada foi feito
unilateralmente, Sr. Deputado Pita Ameixa — aliás, este debate é disso evidência.
Em diversas audições, esta atitude de colaboração foi, inclusive, devidamente registada.
Chegou, agora, o momento de fixar, de forma definitiva, a nova organização judiciária do Estado português,
dando cumprimento não apenas ao Programa do Governo como aos nossos compromissos decorrentes do
Memorando de Entendimento.
É uma importante e fundamental reforma estrutural e — não podemos nem devemos esquecer — uma
reforma prometida no passado, absolutamente necessária, mas que, como todos sabemos, nunca foi
concluída.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Estamos assim, hoje, perante uma equilibrada mudança de modelo
em matéria de organização judiciária, pautada por objetivos de eficiência, de qualidade e de celeridade.
Mais: o objetivo não é extinguir tribunais, mas promover a sua especialização, que só é possível
concentrando recursos. Desta forma, potenciam-se vantagens, corrigem-se insuficiências, implementam-se
novos modelos de gestão, de distribuição de competências, de afetação de pessoal, equipamentos e espaços,
realçando aqui a importância não apenas da eficiência como também da transparência.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Naturalmente que nenhuma reforma, muito menos esta, seria isenta
de dúvidas, como, aliás, resulta também desta avocação.
Todavia, depois do extenso e responsável debate que ocorreu em sede de Comissão, estou certa que
essas mesmas dúvidas, que não acompanhamos — e quando acompanhámos procurámos sempre
responder-lhes —, não irão interferir nos objetivos subjacentes à proposta que hoje votamos, uma proposta
que, pelo seu preâmbulo, desenvolvimento e conclusão, deveria merecer nesta Casa um consenso o mais
alargado possível.
A justiça precisa de estabilidade e eu diria que os portugueses merecem estabilidade.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Reconheçam — e agora dirigindo-me ao Partido Socialista — a vossa
responsabilidade no passado e assumam uma postura de responsabilidade no presente.
Sr.as
e Srs. Deputados, não são reformas fáceis mas são reformas necessárias, pelo que, sabendo que as
decisões políticas são tanto mais difíceis quanto mais agravados se apresentam os problemas do País,
permitam-me terminar reconhecendo e saudando a coragem política pela qual o Governo tem pautado toda a
sua atuação.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta proposta, como já aqui foi
assinalado, tem, do nosso ponto de vista, sinais claros de intrusão do Governo no funcionamento dos
tribunais, e se há algumas matérias, nomeadamente estatutárias, em que a maioria recuou, a verdade é que
este quadro tendencial de governamentalização de todo o sistema de justiça está também presente na
preservação de alguns sinais que põem em causa, do nosso ponto de vista, quer a autonomia, quer as
competências próprias do Conselho Superior da Magistratura, quer do Conselho Superior do Ministério
Público.
De facto, o princípio do juiz natural é posto em causa — esta é uma matéria que foi aqui pouco tratada —,
o próprio modelo de gestão que é proposto deixa no quadro final imensos desequilíbrios, quando estamos a