I SÉRIE — NÚMERO 107
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dinheiros da segurança social ou de uma outra qualquer fonte ou entidade pública para pagar as
indemnizações que os patrões deviam pagar aos trabalhadores despedidos.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Aliás — e deixo uma interrogação —, vários parceiros sociais afirmaram
na comissão, nas audições prévias, que há um acordo com o Governo relativamente a medidas para mitigar
os custos destes fundos por parte das entidades patronais, isto é, o Estado vai indiretamente pagar as
contribuições que os patrões vão pagar para estes fundos.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — É uma vergonha!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Por fim, é inaceitável que estes fundos possam vir a ser geridos por
entidades privadas, o que dada a natureza predatória e especulativa do sistema financeiro ameaça os próprios
fundos e o uso destes para fins privados, isto é, o lucro à custa das indemnizações devidas aos trabalhadores.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Para o PCP,
o objetivo deste conjunto de medidas é claro, o de facilitar e tornar mais barato os despedimentos.
Numa altura em que já temos 1,5 milhões de desempregados, numa altura em que o Governo ataca os
rendimentos do trabalho e, consequentemente, a procura interna regista níveis historicamente baixos, numa
altura em que a recessão afunda a nossa economia, estas medidas são um descarado e inaceitável convite ao
despedimento, ao encerramento de empresas. Isto é tudo o que o nosso País não precisa.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — A greve geral de ontem, a resposta dada pelos trabalhadores, as
consequências das opções políticas da troica nacional e estrangeira tornam claro que este Governo não pode
continuar e impõe-se o mais rapidamente possível a derrota deste Governo e desta política, seja ela conduzida
pelo PS, pelo PSD ou pelo CDS-PP.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A Mesa aguarda novas inscrições. Pedia aos grupos parlamentares o favor de
indicarem os oradores que vão intervir.
Pausa.
Dou a palavra ao Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, que acabou de indicar
à Mesa que, uma vez que ninguém se inscreve, pretende intervir.
Sr. Secretário de Estado, tem a palavra.
O Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social: — Sr.ª Presidente, é uma
intervenção muito simples.
Desde logo, para recordar que este diploma não toca nas matérias de despedimento mas, única e
exclusivamente, nas matérias de proteção dos direitos laborais dos trabalhadores.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.