13 DE JULHO DE 2013
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Fizemos o nosso trabalho de casa, mas solicitámos à troica que, na atual conjuntura, em que estamos à
procura de um entendimento mais alargado, o oitavo exame fosse realizado em conjunto com o nono exame,
em setembro, de modo a aproveitarmos a vinda dos chefes de missão, que espero possa ocorrer tão rápido
quanto possível, de preferência ainda na próxima semana, para que tenham oportunidade de realizar, com os
partidos da maioria, mas também com o Partido Socialista, nos termos em que subscreveu o Memorando de
Entendimento, um encontro que nos permita determinar o «chão» com que é possível prosseguir para
podermos satisfazer um dos pedidos do Sr. Presidente da República, o de saber quais as condições para que
possamos encerrar com êxito o nosso Programa de Assistência Económica e Financeira.
Trata-se, portanto, de uma prova de boa fé, de interesse nesse compromisso de não estar a fechar
soluções, mas de as poder abrir.
Evidentemente, a minha expetativa é a de que nos continuemos a guiar pela mira do cumprimento. Mas se
for possível cumprir, noutros termos, podemos cumprir noutros termos: vamos à procura deles! Mas vamos
fazê-lo não apenas com uma das partes da negociação, vamos fazê-lo com a outra parte da negociação
também.
Julgo que esta é uma demonstração, Sr. Deputado, não apenas da boa-fé, mas do empenhamento com
que este Governo tratará esta matéria.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do PCP, pelo que tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de
Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro…
Pausa.
A Sr.ª Presidente: — Pedia aos Srs. Deputados que se encontram em pé na Sala que retomassem os
vossos lugares, para que o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa possa usar da palavra.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, fiz só uma pequena pausa, porque o Sr. Primeiro-
Ministro estava distraído.
A Sr.ª Presidente: — Entretanto, a Sala também fica mais calma.
Queira fazer o favor de prosseguir, Sr. Deputado.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, podíamos ter a tentação de,
hoje, discutirmos o estado do Governo, isolado do estado da Nação. É um elemento que, com os episódios
recentes, pelas contradições internas, pelas demissões concretizadas, pelas tentativas de deserção, enfim,
com certeza poderia ser interessante, mas que apenas acrescenta à crise política, económica, social e
cultural, uma crise ética, tendo em conta o comportamento dos parceiros do Governo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Contudo, o que é importante relevar é que, de facto, o estado do
Governo é de derrota e de falhanço. Derrota e falhanço da política de direita, apesar de terem um Governo,
uma maioria, um Presidente da República, um capital amigo e incentivador, nacional e estrangeiro, os centros
de decisão da União Europeia, uma comunicação social dominante também amiga, um exército de
comentadores, de analistas, que todos os dias procuravam formatar o pensamento dos portugueses. E a
verdade é esta: como é que foi possível? O que aconteceu para que hoje estejamos perante um Governo
derrotado, um Governo sem futuro?
Independentemente desses episódios, consideramos que a causa funda da crise reside nesta política,
neste memorando de agressão que transformou a vida de milhões de portugueses num inferno.