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I SÉRIE — NÚMERO 113

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E pedimo-lo, Sr. Deputado, por uma razão: não podíamos permitir que os portugueses pagassem o preço

da irresponsabilidade da bancarrota.

Sr. Deputado, sabemos — e eu sei que os portugueses sabem também — que os orçamentos são

duríssimos. Com certeza, Sr. Deputado.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Duríssimos para quem?

O Sr. Primeiro-Ministro: — Quando se tem uma determinada quantia no bolso para gastar e se sabe que

não é possível aumentar essa quantia, porque a moeda não é nossa, não depende de nós, e só a podemos ir

buscar se formos responsáveis e confiáveis, então, Sr. Deputado, não é possível gastar mais do que se tem. E

é isso que os portugueses percebem.

O Sr. João Oliveira (PCP): — São 150 milhões de euros para o Banif!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Há uma parte do Parlamento que quer convencer os portugueses de que esta

redução da despesa é feita porque queremos impor sacrifícios às pessoas. Mas é cada vez mais importante,

Sr. Deputado, mudar a consciência política de responsabilidade, dizendo que não vale de nada prometer o que

se não pode fazer e pôr a expetativa de realização orçamental onde não há dinheiro para a executar.

É isso que o próximo Orçamento vai demonstrar, mais uma vez, Sr. Deputado: nós viveremos à medida

das nossas possibilidades, mas estamos a fazer tudo para que essas possibilidades cresçam, no futuro. É

essa a ambição que devemos ter.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Guilherme Silva.

O Sr. Presidente: — Para formular uma pergunta, em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr.

Deputado João Semedo.

O Sr. João Semedo (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, este é o debate anual sobre o estado da

Nação. O Governo vem ao Parlamento não para discutir o estado da Nação, mas para fazer a sua prova de

vida. O Governo acaba de fazer a sua prova de vida e o resultado está à vista: o Governo morreu, o Governo

acabou.

Este é o resultado do debate sobre o estado da Nação.

Aplausos do BE.

Registo que o Sr. Primeiro-Ministro chega aqui, ao debate sobre o estado da Nação, acompanhado pelos

seus 12 ministros sobreviventes, mas registo que, como se o debate sobre o estado da Nação fosse uma

representação teatral, o senhor mexeu nas bailarinas, mexeu nos atores, mexeu nos cantores, os da esquerda

passaram para a direita, os da direita passaram para a esquerda — deixe-me dizer, são todos de direita, mas

percebe-se o que quero dizer —, para criar a ilusão de que este já é outro Governo.

O Sr. Primeiro-Ministro pode procurar criar todas as ilusões, mas sabe o que é que se vê aqui, hoje, na

bancada do Governo? São os ministros que já não estão: Miguel Relvas e Vítor Gaspar, esses são aqueles

que se veem melhor!

Aplausos do BE.

O Sr. Primeiro-Ministro sabe bem que, nos últimos 10 dias, o Governo sofreu três golpes mortais, três

golpes fatais, e não vale a pena insinuar que foi apenas a demissão do Ministro Paulo Portas, que, agora, está

sentado ao seu lado direito, que criou a crise e o imbróglio político em Portugal.