O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

13 DE JULHO DE 2013

19

Tudo começou com o primeiro desses golpes, a demissão de Vítor Gaspar. Vítor Gaspar quando se demitiu

reconheceu os custos da política de austeridade, da política do Memorando, e reconheceu mais: reconheceu a

falta de credibilidade e de confiança.

O segundo golpe fatal, o segundo golpe mortal foi dado pela demissão do Sr. Ministro de Estado e dos

Negócios Estrangeiros, o Dr. Paulo Portas. E o Dr. Paulo Portas, nessa altura, condenou a condução política

do Governo, criticou-o diretamente a si.

Por último, como se já fosse pouco, o terceiro e mais recente golpe mortal no Governo foi dado pelo

Presidente da República, Cavaco Silva. Cavaco Silva certificou a subalternidade, a menoridade, a

incapacidade do seu Governo: recusou mudar o Governo, recusou remodelar o Governo. E mais, até chamou

o PS para salvar o Governo, salvar a política de austeridade e salvar o Memorando.

Veja bem, Sr. Primeiro-Ministro, como é que quer manter um Governo vivo, depois destes três golpes

fatais!

Aplausos do BE.

O Sr. Primeiro-Ministro ainda não percebeu que o Governo acabou. Mas, mais grave do que não ter

percebido que o Governo acabou, é ainda não ter percebido por que é que o Governo acabou. Eu dar-lhe-ei

uma explicação.

O Governo fracassou por duas razões principais: a primeira, pela política de austeridade; a segunda, pelos

governantes que não respeitam a sua própria palavra.

Em primeiro lugar, a política de austeridade não resolveu um único dos problemas do País, agravou-os a

todos e, pior do que isso, criou novos problemas.

Sr. Primeiro-Ministro, gostava de recordar que há um ano, no debate sobre o estado da Nação, o défice era

de 7,6%, hoje é de 10,6%; a dívida era 117% do PIB, hoje é 127% do PIB. Há uma ano era assim e hoje

estamos no estado que acabei de descrever.

Entretanto, o que aconteceu à riqueza do País? O que aconteceu ao desemprego? A riqueza do País — o

PIB — baixou de 168 000 milhões de euros para 162 000 milhões de euros e o desemprego que há um ano,

no debate sobre o estado da Nação, era de 14,9%, um ano depois é de 17,6%.

Estes são os resultados, a imagem do fracasso da política de austeridade, e foi a política de austeridade a

principal responsável pela derrota do Governo.

Em segundo lugar, os governantes não respeitam a sua própria palavra. E, Sr. Primeiro-Ministro descanse,

porque não estou a falar do Ministro Paulo Portas nem das suas promessas eleitorais, estou a falar de si

mesmo, Sr. Primeiro-Ministro, e da forma como o senhor não respeita a sua própria palavra.

Quero lembrar-lhe o que disse aqui, há um ano, no debate sobre o estado da Nação, vamos ouvir Pedro

Passos Coelho há um ano: «Quero reafirmar o que já disse, o Governo não está a preparar qualquer aumento

de impostos ou qualquer outra medida dessa natureza». São as suas palavras de há um ano; três meses

depois, o seu Governo aprovava o maior aumento de impostos que alguma vez a democracia portuguesa viu!

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Exatamente! Não tem palavra!

O Sr. João Semedo (BE): — Como é que o Sr. Primeiro-Ministro quer que os portugueses acreditem em si

e na sua palavra? O senhor não respeita a sua própria palavra, e essa é a segunda razão de condenação e de

fracasso deste Governo.

Sr. Primeiro-Ministro, chegamos a esta fase do debate sobre o estado da Nação e não percebemos bem

que Governo está aqui, à nossa frente: se é o antigo Governo, se é o futuro Governo, se é o ex-futuro

Governo! O senhor pode mudar de modelo, pode trocar superministros por ministros «superbock» ou

«superswap», pode fazer todas essas mudanças, mas o Governo, a sua política e o Sr. Primeiro-Ministro

estão no centro da crise e, enquanto o País não se libertar desta política, deste Governo e deste Primeiro-

Ministro, o País não tem solução para sair da crise.

Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, deixe-me terminar dizendo-lhe: desista, desista! O País agradece. Deixe o

País respirar, deixe a democracia funcionar, deixe que se realizem eleições, porque garanto-lhe que, sem si,

os portugueses encontrarão a saída da crise com muito mais facilidade.