I SÉRIE — NÚMERO 113
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Então, o que falhou? O que falhou, Sr. Primeiro-Ministro, foi que não
contaram com os trabalhadores e com o povo português.
Aplausos do PCP.
Quando nos debates quinzenais lhe falávamos dessa luta, desse descontentamento, dessa indignação,
fazia um sorriso irónico. Compreendia-nos, mas não nos dava razão. E, afinal, se quer uma explicação da sua
derrota e da derrota do seu Governo, ela deveu-se, de facto, à luta, à ação e à intervenção dos portugueses.
Por isso, quando fala em coragem, Sr. Primeiro-Ministro, digo-lhe que coragem tiveram os trabalhadores e
os portugueses que, num quadro de chantagem e de pressão, num quadro de desemprego avassalador, num
quadro de aumento da exploração e da pobreza, quando foi desenvolvida uma saraivada ideológica, em nome
das inevitabilidades, do «conformem-se», do «resignem-se», do «tem de ser assim», este pacto de agressão
tem de ser concretizado, esta política de direita tem de ser ir para a frente, neste quadro de pressão, foi a luta,
foi a coragem dos portugueses que o levou à derrota e à falta de futuro que tem neste momento.
Aplausos do PCP.
É por isso que não sabemos se dura pouco, ou se dura um pouco mais, mas é um Governo que é, de facto,
já do passado.
Quando se colocava a necessidade de demitir este Governo, de devolver a palavra ao povo para procurar
uma solução ou uma política alternativa, eis que o Presidente da República, que recentemente dizia que não
tinha poderes para demitir este Governo, é o mesmo que aparece, agora, a querer promover um Governo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas a questão de fundo é esta: o Presidente da República não fez
uma proposta para salvar o País, o Presidente da República fez uma proposta para salvar a política de direita,
que os senhores, sozinhos, não são capazes de concretizar!
Aplausos do PCP.
Por último, o Sr. Primeiro-Ministro voltou a falar do novo ciclo, sem usar a palavra, sem usar o termo, mas
usou outra vez aquele discurso dos sinais, de que o pior já passou… Está a querer enganar quem, Sr.
Primeiro-Ministro?
O Sr. António Filipe (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Então, nós não sabemos aquilo que está indiciado nesse programa
de terrorismo social, em que se querem sacar mais 4700 milhões de euros aos trabalhadores, aos seus
direitos, às reformas e às pensões, aos serviços públicos da saúde e da educação; então, nós não sabemos
que vai apresentar um Orçamento duríssimo contra os portugueses, e vem dizer que o pior já passou?!
Vale por este tempo, mas a verdade é que é por estas e por outras que os senhores não têm um futuro,
são um Governo derrotado e ultrapassado.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro