I SÉRIE — NÚMERO 113
28
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Na pasta de transição entre os dois Governos havia documentos sobre os swaps
e o assunto foi abordado oralmente entre os dois Ministros, algo que o ex-Ministro Vítor Gaspar já confirmou
publicamente. Mas a Sr.ª Ministra das Finanças também faltou à verdade quando disse que com este Governo
não foram contratados novos swaps nas empresas públicas. Sabemos hoje, Sr. Primeiro-Ministro, que foram
contratados swaps na Parpública.
Faltou ainda à verdade quando disse na Comissão de Inquérito que, desde a tomada de posse do
Governo, se tinha procedido à recolha de informação sobre os swaps das empresas públicas. Isto foi
desmentido categoricamente pelo Presidente do IGCP, que afirmou que a recolha de informação dos swaps
das empresas públicas apenas havia começado em maio de 2012, ou seja, 11 meses depois de o Governo
tomar posse.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — A Sr.ª Ministra das Finanças faltou à verdade quando afirmou na Comissão de
Inquérito que o cancelamento de operações swap das empresas públicas tinha tido um impacto neutro em
termos orçamentais. Sabemos hoje que isto não é verdade.
O cancelamento dos swaps da dívida pública contratados pelo IGCP rendeu ao Estado 830 milhões de
euros, enquanto os prejuízos dos swaps das empresas públicas foram até ao momento superiores a 1000
milhões de euros.
Tantas inverdades, Sr. Primeiro-Ministro. Tantas inverdades!
Mas há mais: a Sr.ª Ministra das Finanças, enquanto Secretária de Estado do Tesouro, esteve sentada em
cima do dossier dos swaps durante um ano, sem nada fazer, com elevados custos para o erário público.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Quando o Governo tomou posse, em junho de 2011, o valor de mercado
negativo da carteira de swaps das empresas públicas era de 1600 milhões de euros. Um ano depois já tinha
duplicado, passando para 3200 milhões de euros.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Duplicou num ano! E isto significa, Sr. Primeiro-Ministro, que, nesse ano, por
cada dia que passou em que nada se fez, por cada dia em que a Sr.ª Secretária de Estado, atual Ministra das
Finanças, esteve sentada sobre este dossier, isso custou 4 milhões de euros, por dia, em perdas potenciais.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Depois dizem que não há dinheiro!…
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Quando, finalmente, a Sr.ª Ministra decidiu agir, ao fim de um ano, cancelou os
contratos swaps das empresas públicas, num processo negocial desastroso. Desastroso para o Estado,
obviamente, mas um negócio excelente para a banca!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Foi desastroso, Sr. Primeiro-Ministro, porque, nessa negociação, 70% das
perdas potenciais com os swaps foram convertidas em perdas reais…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — … e o Governo entregou à banca, de março a junho de 2013, 1008 milhões de
euros pelo cancelamento desses swaps, representando 70% de conversão de perdas potenciais em perdas
reais.