13 DE JULHO DE 2013
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Por fim, Sr. Primeiro-Ministro, como se tudo isto não bastasse, a Sr.ª Ministra, quando era Diretora do
Departamento de Gestão Financeira da REFER, contratou dois swaps especulativos — sabemos isso hoje —,
um dos quais, Sr. Primeiro-Ministro, foi cancelado no dia 16 de março de 2013, com um prejuízo para o Estado
de 21 milhões de euros.
Depois de tudo isto, o que é que faz o Sr. Primeiro-Ministro? Promoveu a Secretária de Estado do Tesouro
a Ministra, entregando-lhe a pasta das Finanças e dando-lhe a terceira posição na hierarquia do Governo.
Protestos da Deputada do PSD Conceição Bessa Ruão.
Como explica, Sr. Primeiro-Ministro, esta decisão de promover a Secretária de Estado do Tesouro a
Ministra das Finanças, sabendo do seu profundo envolvimento e comprometimento no escândalo dos swaps?
Que credibilidade é que o Sr. Primeiro-Ministro tem quando toma decisões desta natureza?
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, o Sr. Primeiro-Ministro acaba de fazer, durante esta manhã, a
prova pública da sua incapacidade, diria mesmo, da sua incompetência para continuar a governar o País, com
o teatro que hoje nos trouxe.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Muito bem!
Protestos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — O Sr. Primeiro-Ministro e o Governo gozaram daquilo que em tempos foi
chamado o «sonho da direita»: uma maioria parlamentar, um Governo, um Presidente da sua cor política.
Dois anos passados, cinco Orçamentos do Estado depois, após ter aumentado a dívida pública, o défice e
o desemprego a níveis históricos, depois de ter reduzido o PIB como nunca antes tinha acontecido na
economia portuguesa e o investimento em quase 30% no ano de 2012, depois de ter obrigado os jovens mais
qualificados a emigrar e a sentir-se no País este clima de não haver futuro nem perspetivas de alteração do
clima económico, depois de ter prometido que não aumentava impostos e ter aumentado impostos, depois de
ter dito que era uma brincadeira de mau gosto dizer-se que o Sr. Primeiro-Ministro tencionava «atacar os
subsídios de férias ou de Natal dos funcionários públicos» e ter atacado os subsídios de férias e de Natal dos
funcionários públicos,…
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — … depois de ter dito que jamais despediria funcionários públicos e agora estar a
preparar-se para despedir funcionários públicos, depois de nos ter dito que em finais de 2012 a economia
começaria a crescer, depois de nos ter dito que em 2013 é que ia ser o ano de crescimento, o Sr. Primeiro-
Ministro acha, sinceramente, que se pode apresentar no debate sobre o estado da Nação, após a crise que o
Governo viveu durante estes dias, e dizer-nos que vai continuar a marchar em frente, que a sua política não
falhou e que agora é que vai dar resultados? Acha, sinceramente, que é possível ignorar toda a realidade e,
pura e simplesmente, dizer que está tudo a correr bem, que agora é que a sua política vai dar resultados?!
Sr. Primeiro-Ministro, nos tempos que vivemos, com as dificuldades dos portugueses, é preciso clareza,
limpidez no debate político.
A verdade é que a crise no seu Governo continua instalada. Está, de facto, sentada à sua direita e à sua
esquerda, com a Sr.ª Ministra das Finanças e o Sr. Ministro — creio que ainda — dos Negócios Estrangeiros.
É verdade que, se o Dr. Paulo Portas não apresentou a sua demissão por uma questão pessoal ou por não
simpatizar com a nova Ministra das Finanças — porque, se assim fosse, não tinha obviamente condições para