I SÉRIE — NÚMERO 113
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trabalhadores fizeram ao longo dos últimos dois anos. Temos a responsabilidade de continuar a executar o
Memorando de Entendimento,…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — … de continuar a cumprir a nossa palavra e de não desperdiçar este
esforço.
Como muito bem demonstrou o Sr. Presidente da República, aqueles que defendem eleições antecipadas
nesta altura mais não estão do que precisamente a desperdiçar todo esse esforço, todo esse sacrifício.
Quanto aos sinais positivos, que muitos podem teimar em desvalorizar, nós não temos uma atitude
triunfalista perante eles. Temos uma atitude de confiança, uma atitude de quem está no caminho correto, não
obstante a exigência do momento e as dificuldades que temos pela frente.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, ao discutirmos o estado
da Nação no contexto de uma necessidade importante de alargamento do consenso político, há matérias que
são essenciais e que devem merecer a prioridade nessa discussão.
Uma delas, de que o Sr. Primeiro-Ministro já aqui falou, é a sustentabilidade da dívida pública. Devemos ter
a noção de que essa sustentabilidade da dívida pública, fruto daquilo que levou ao pedido de ajuda externa e
ao programa que agora enfrentamos, depende de conseguirmos em dois indicadores algo que nunca
conseguimos em democracia. Precisamos de ter, de forma sustentada, um excedente primário, que é algo que
nunca conseguimos ter de forma estável ao longo dos últimos 30 anos, e precisamos também de ter um nível
de crescimento sustentável e superior àquilo que foi a nossa realidade nos últimos anos.
É sobre isso que devemos concentrar a nossa atenção, quando queremos falar de algo que seja
sustentável para futuro e que deva merecer consenso. E aí não vemos grande divergência entre os partidos
que assinaram o Memorando de Entendimento.
Não há por isso razão para que fujamos à responsabilidade de discutir como atingir esses objetivos. Mas
também não podemos ignorar que, se nos últimos 30 anos esses objetivos não foram atingidos, por alguma
razão há de ser e alguma coisa tem de mudar.
Assim, quando falamos da consolidação das contas públicas (e o Partido Socialista diz sempre que quer a
consolidação das contas públicas), temos de saber então como é que o Partido Socialista quer essa
consolidação.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Qual é a despesa que ainda tem de se cortar, porque tem de
se cortar, e qual é a forma como o Partido Socialista entende que é possível nas próximas três décadas
conseguir o que não se conseguiu nas três décadas que estão para trás.
Façamos essa discussão de uma forma séria, porque todos sabemos que, sem isso, é impossível
conseguirmos sustentar a nossa dívida pública.
Por outro lado, há a questão do crescimento económico, que é essencial. A dívida pública é um ratio e
depende do nível de crescimento que conseguirmos ter nos próximos anos — como é que queremos esse
crescimento? Aí, é claro que temos de conseguir criar condições para as empresas, condições que dependem
do Estado.
A redução da burocracia é uma condição essencial para que as empresas portuguesas sejam mais
competitivas, isso depende do Estado e não há razão para que não nos entendamos sobre isso.