I SÉRIE — NÚMERO 113
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… e poucas horas depois de o Sr. Presidente da República ter colocado em cima da mesa uma iniciativa
de diálogo político.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Este debate tem, portanto, as suas
circunstâncias.
Sabendo que o País tem inquietações sobre o presente, devemos procurar tranquilizá-lo. Sabendo que o
País tem interrogações sobre o futuro, devemos procurar elucidá-lo.
Todas as situações políticas complexas podem ter solução desde que cada qual faça a sua parte. A
maioria fará a sua parte.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Os factos de 2011 fizeram Portugal perder a sua independência plena e introduziram o protetorado no mais
antigo Estado-Nação da Europa com fronteiras estáveis.
Como inúmeras vezes referi, nenhum português vive essa perda de independência plena sem um
sentimento pessoal e coletivo de humilhação. Quando a falta de dinheiro e de rigor na administração do
dinheiro que há leva o Estado a colocar-se na dependência extrema de quem nos empresta, financia e
condiciona — e foi nada menos do que isso o que aconteceu —, a primeira prioridade é reaver a plenitude da
independência e concluir em tempo e sem demora o período de assistência externa.
Poderemos ter, nesta Câmara, todas as diferenças naturais sobre o modo de o fazer, tendo em conta que
não decidimos sozinhos. Mas se algo nos devia unir nesta Câmara é precisamente o princípio democrático.
Assim como um país que não consegue financiar-se autonomamente é um país sem soberania plena, um
Governo e um Parlamento de um país sob assistência externa deverão fazer tudo o que está ao seu alcance
para recuperar a liberdade nacional, que é o pressuposto das nações soberanas.
Só controlamos inteiramente o que depende essencialmente de nós. Ora, os portugueses já fizeram um
caminho repleto de sacrifícios para voltar a ser cidadãos de um País, de um Portugal que controle
essencialmente as suas decisões.
Por isso, a precipitação de eleições quando a Legislatura ainda não chegou a meio, mas o Programa de
Assistência já está mais perto da casa de chegada do que da casa de partida, seria um erro que abundaria em
prejuízos e não alteraria, provavelmente senão para pior, a dependência externa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É mais importante concentrarmo-nos todos na reconquista da independência do que perdermo-nos todos
na disputa sobre quem gere a dependência.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Por isso se demitiu!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Tanto me criticam por eu estar calado que,
quando eu falo, pedia para ser ouvido como eu vos ouvi!
Ninguém pode ignorar que o caminho feito tem um preço económico e social elevadíssimo. Bem sei que há
muitos críticos daquela regra de ouro que aconselha o equilíbrio orçamental, mas parece-me que os
portugueses, como nunca antes sucedera, tiveram consciência do preço de uma regra de chumbo. Excesso de
défice e excesso de dívida pagam-se duramente com excesso de desemprego e excesso de impostos.
Também aqui podemos aproveitar os dois tempos da Legislatura. É urgente manter a credibilidade externa
de Portugal e é essencial criar condições para uma confiança económica maior, porque o valor da confiança
gera investimento, o investimento gera crescimento e o crescimento torna viável a criação de emprego.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.