13 DE JULHO DE 2013
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A Sr.ª Ministra da Justiça: — E temos de olhar para a reforma da justiça não como algo privativo deste ou
daquele partido, mas como um contributo de todos, como, de resto, tem acontecido muitas vezes nesta Casa.
E dou disso testemunho com as sucessivas alterações que são propostas e que temos todo o orgulho em
acolher.
A reforma da justiça é um pilar da reforma do Estado, Srs. Deputados. E a isso todos temos de ser
convocados. Nenhum de nós se pode eximir a essa responsabilidade, nenhum de nós pode virar a cara à
forma como é gerida a justiça. E porquê? Porque ela é o último bastião dos nossos direitos, liberdades e
garantias.
Aplausos do PSD e CDS-PP.
Mas a justiça também é a forma como a Administração trata o cidadão. E aí, Sr.as
e Srs. Deputados, todos
temos obrigação de dizer que estamos presentes.
Aplausos do PSD e CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Ainda para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Sr.ª
Ministra da Justiça, esta intervenção era para ser um pedido de esclarecimento, mas, como não dispõe de
tempo para responder, ainda assim, fica a intervenção.
A Sr.ª Ministra da Justiça procurou recuperar na sua intervenção esta ideia de firmeza do Governo, a que,
aliás, o Sr. Deputado Telmo Correia associou a ideia de coesão. Sr.ª Ministra, essa ideia de firmeza não
corresponde a coesão alguma, mas à ideia do rigor mortis de um Governo que só está firme porque já está
liquidado, porque governou contra o povo e, governando contra o povo, acabou derrotado.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — A Sr.ª Ministra procura recuperar e afirma aqui a ideia de que o momento é
particularmente exigente e de que não se pode desistir do muito que está feito.
Sr.ª Ministra, a exigência do momento que enfrentamos decorre das dificuldades em que os senhores
colocaram o País, decorre do agravamento das difíceis condições em que os senhores colocaram o País, em
resultado da vossa política. E, Sr.ª Ministra, aquilo que a senhora designa como «o muito que está feito» é um
património que, infelizmente, pesa, e muito, na vida dos portugueses e vai pesar muito durante algum tempo
na nossa situação nacional. É um património de desgraça nacional e de massacre do povo aquele que os
senhores deixam. E, Sr.ª Ministra, na área da justiça, o património, infelizmente, não é diferente.
A Sr.ª Ministra parece orgulhar-se do trabalho que fez enquanto Ministra da Justiça deste Governo, agora
derrotado e liquidado. Mas, Sr.ª Ministra, também na área da justiça, o património que os senhores deixam é
um património de configuração da justiça, por um lado, à medida dos interesses dos grandes grupos
económicos e, por outro, à medida da intenção de reprimir quem contesta e quem manifesta a sua
discordância deste Governo. É esse o património que os senhores deixam.
A Sr.ª Ministra fala na arbitragem. Perguntamos-lhe: quanto é que o Estado já gastou, este ano, em
arbitragens milionárias feitas nos processos das parcerias público-privadas e de outros contratos ruinosos do
Estado? Quanto?!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — A Sr.ª Ministra fala nas insolvências e nós perguntamos-lhe: quantas
insolvências já foram declaradas, à medida dos interesses da banca e da estratégia de deslocalização das
empresas para fora do País? Quantas?! Todas em prejuízo dos trabalhadores, todas em prejuízo da economia
nacional!