I SÉRIE — NÚMERO 114
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E até dizia o saudoso — saudoso para o Sr. Primeiro-Ministro — ex-
Ministro de Estado e das Finanças Vítor Gaspar, com toda a calma e tranquilidade: «O Programa incorpora
uma estratégia completa e equilibrada, que responde às causas da crise atual.» Agora já cá não está… Pelos
vistos, o programa não respondeu às causas da crise atual, nem responderia, como sempre dissemos.
E dizia o então Sr. Ministro Vítor Gaspar: «(…) não existe qualquer evidência de uma espiral recessiva,
pelo contrário as perspetivas económicas baseadas em dados realizados têm sido revistas em alta.» E, de
então para cá, cada revisão é sempre em baixa, cada perspetiva é sempre pior, cada estatística vai sempre
dando pior resultado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Primeiro-Ministro, não vou falar-lhe da implosão do seu Governo,
isso já toda a gente percebeu. Basta olhar para uma banca que é uma espécie de mistura de Ministros à
espera de continuação com Ministros à espera da remodelação e Ministros à espera da demissão.
Isso os portugueses já perceberam tão claramente que até os briefings já acabaram, ainda mal tinham
começado…
Não está aqui, por isso, por ter uma maioria sólida mas simplesmente porque o Sr. Presidente da
República não aceitou a remodelação que o Sr. Primeiro-Ministro lhe propôs. É preciso, por isso, clareza nas
afirmações políticas.
O que o Presidente da República desencadeou, e em que o Governo participa, é uma estratégia para
manter o Governo e a sua política, e é isso que nós rejeitamos!
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
Se o Governo estivesse forte, Sr. Primeiro-Ministro, por que é que teria acontecido esta iniciativa do
Presidente da República?
Diz o Sr. Deputado Luís Montenegro que a rejeição desta moção de censura fortalecerá o Governo. Ora, o
que nós dizemos, e verificamos, Sr. Primeiro-Ministro, é que já houve quatro moções de censura votadas
nesta Casa. Foram todas rejeitadas, mas a seguir a cada uma o Governo ficou mais fraco.
Aplausos do PCP.
E hoje, um ano passado desde o início dessas moções de censura, o Sr. Primeiro-Ministro pode ver aqui
rejeitada esta moção, mas quando sair vai dizer para o lado, como disse Pirro: mais uma vitória como estas e
estamos arruinados!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães, do CDS-
PP.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, sendo este um debate que
incide sobre uma moção de censura, queria, em primeiro lugar, dizer-lhe claramente que o CDS votará
convictamente contra esta moção de censura.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
Risos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É irrevogável essa decisão?…