19 DE JULHO DE 2013
27
Os dois partidos que suportam o Governo — e o Partido Socialista também — apresentaram-se a eleições
dizendo que iriam executar esse Memorando de Entendimento, isto é, que iriam executar o Programa de
Assistência Económica e Financeira, sem o qual Portugal não estaria em condições de resgatar a sua
autonomia e de regressar a pleno financiamento de mercado.
Sr.ª Deputada, é inequívoco para qualquer pessoa que o sucesso do Governo está, desse ponto de vista,
associado ao sucesso do País na conclusão desse Programa. Isso é o mais importante para todos!
Quer dizer, para podermos pensar no futuro de outra maneira, é importante que o País não esteja na
situação de dependência de ter de pedir um segundo resgate e de dizer que não conseguiu, nestes três anos,
resgatar a sua autonomia. Isso é o mais importante para todos os portugueses!
Aplausos do PSD e CDS-PP.
Eu digo-lhe porquê, Sr.ª Deputada: se não formos capazes de o fazer — e não o seríamos, se
seguíssemos a vossa direção, as vossas alternativas —, um segundo resgate terá para Portugal um nível de
sacrifício e, portanto, uma penosidade muito superior àquela que o País enfrentou.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Vamos ver!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, Sr.ª Deputada, o que pretendemos é chegar ao final deste período,
encerrar esse Programa, garantir o nosso financiamento em mercado em circunstâncias de normalidade e
poder pensar, evidentemente, no futuro de uma forma diferente daquela que se pode pensar quando se está
sob assistência financeira e sem liberdade orçamental.
Finalmente, a Sr.ª Deputada falou-me de ética social.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sim, sim!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Deputada, ética social é suportar toda a demagogia para impedir que o
País «morra na praia», justamente quando está à beira de conseguir poder fechar o Programa de Assistência
Económica e Financeira. Isso é ética social!
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se nós não tivéssemos essa ética, então, Sr.ª Deputada, talvez outros gestos
imponderados pudessem ter lugar. Mas, nesta altura, o que mais interessa é preservar a possibilidade de o
País poder sonhar e ter esperança num futuro diferente daquele a que estaria condenado se este Programa de
Assistência Económica e Financeira não pudesse ser concluído com êxito.
Portanto, Sr.ª Deputada, ética social é algo que evidentemente está na nossa preocupação.
O Sr. Deputado Hugo Lopes Soares falou do valor da estabilidade política. O Sr. Deputado sabe que nunca
endeusei a estabilidade política.
Risos do PCP.
A estabilidade política é um meio para se chegar a um fim. Mas nesta altura é um meio precioso, porque a
ausência dessa estabilidade, a criação de uma crise que nos aportasse irreversivelmente num caminho de
eleições, que conduzisse à incerteza, que garantisse o não regresso a mercado significaria para todos os
portugueses um desrespeito absoluto por todos os sacrifícios que fizeram até hoje.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É por isso que essa estabilidade deve ser preservada, custe o que custar.
Vozes do PSD: — Muito bem!