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I SÉRIE — NÚMERO 114

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O Sr. Primeiro-Ministro: — … eles nunca nos impediram de entregar os resultados que são necessários

para que os portugueses tenham alguma confiança em como o futuro não será aquele que lhes destinaram em

2011, quando um pedido de resgate financeiro ao País foi feito pelo Governo que o Sr. Deputado apoiava.

Protestos do Deputado do PS José Junqueiro.

Portanto, Sr. Deputado, a minha sugestão é que não perca tempo com o acessório…

O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Acessório?! O desemprego é acessório?!

O Sr. Primeiro-Ministro: — … e que possa, se fizer favor, dedicar algum tempo ao que é essencial,

porque o País agradece. O País sabe, Sr. Deputado, qual é o custo da crise, o País sabe quanto custa hoje

um resgate financeiro — quanto custa em desemprego, em taxas de juro, em juros que são pagos e em

matéria de esforço de consolidação orçamental. Os portugueses sabem isso, Sr. Deputado.

Mas não é descrevendo a crise que nós abrimos uma janela de esperança para o futuro, Sr. Deputado; é,

sim, atacando, como dizia, e muito bem, o ex-Ministro Vítor Gaspar, a causa dos problemas. E isso é o que

estamos a fazer, desde que tomámos assento neste Governo, e é nisso que os portugueses nos têm

acompanhado.

A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para uma segunda ronda de pedidos de esclarecimento, os Srs.

Deputados Heloísa Apolónia, de Os Verdes, Hugo Lopes Soares, do PSD, e João Oliveira, do PCP.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, na sua intervenção inicial, o

senhor disse qualquer coisa parecida com isto: a escolha das opções políticas deve ser clara. E eu perguntei-

lhe: de quem? Escolha de quem? O Sr. Primeiro-Ministro fez uma pausa e prosseguiu com a intervenção.

Portanto, é tempo de lhe perguntar: escolha de quem?

O Sr. Primeiro-Ministro, porventura, tem consciência de que, quando se candidatou às eleições e em plena

campanha eleitoral, disse aos portugueses que faria coisas que, depois, não veio a cumprir, e que não faria

coisas que, depois, veio a fazer?

O Sr. Primeiro-Ministro tem consciência de que iludiu portugueses, dizendo que não aumentaria impostos e

que não cortaria subsídios de férias, por exemplo, e que, depois, foi justamente o que veio a fazer, aliás, numa

violação absolutamente grosseira da Constituição da República Portuguesa?

Pergunto-lhe, Sr. Primeiro-Ministro: com base em quê o senhor continua a prosseguir estas mesmas

políticas, que, de facto, não foram sufragadas pelos portugueses? Não foi isto que o Sr. Primeiro-Ministro

prometeu aos portugueses!

Sr. Primeiro-Ministro, qual é o seu medo de eleições? Se aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro disse da tribuna

é verdade — aliás, até parecia que estávamos no «país das maravilhas» —, qual é o seu medo de se sujeitar

à vontade dos portugueses e de permitir que os portugueses, neste momento conturbado da vida política

económica e social portuguesa, possam fazer escolhas sobre o seu futuro, com opções políticas e com

programações políticas claras e determinadas? Não percebo qual é o receio, Sr. Primeiro-Ministro.

Sr. Primeiro-Ministro, muito no início do seu mandato, já anunciadas muitas das medidas de austeridade,

fiz-lhe, uma vez, aqui, nesta Casa, a seguinte pergunta: qual é o seu limite? A resposta do Sr. Primeiro-

Ministro foi esta: é a ética social. Ó Sr. Primeiro-Ministro, o seu limite foi tão ultrapassado! Foi-o por 1,5

milhões de desempregados, emigração forçada, pobreza, recessão e mais dívida! Ética social, Sr. Primeiro-

Ministro?! O que é a ética social, Sr. Primeiro-Ministro? Ultrapassou todos os limites!

Não volto a perguntar-lhe qual é o seu limite, Sr. Primeiro-Ministro. Sabe porquê? Porque acho que os

portugueses não querem conhecer o limite deste Primeiro-Ministro e deste Governo. É por isso, Sr. Primeiro-

Ministro, que não tenho quaisquer dúvidas sobre o que estou a dizer. Se esta moção de censura fosse votada

lá fora, ela seria aprovada, e o Sr. Primeiro-Ministro sabe disso. Tanto sabe que não se quer sujeitar a

eleições, não se quer sujeitar à verdade daquilo que pode ditar o povo português. E isso é que é

absolutamente lamentável!