I SÉRIE — NÚMERO 114
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anos, porque o défice do 1.º trimestre de 2011 era de 7,6% do PIB e está agora acima de 10% com a sua
política orçamental, acha que isto é pôr as contas públicas em ordem?!
Aplausos do PS.
Parece que esqueceu tudo isto. Parece que está alheado da realidade dos dois anos que passou a
governar!
A sua austeridade, a sua austeridade a dobrar, destrói-se a ela mesma, como reconheceu o Banco de
Portugal há duas semanas num estudo sobre multiplicadores orçamentais aplicados a uma economia como a
portuguesa em assistência, sem moeda própria. Lá diz claramente que os multiplicadores são muito maiores
do que estimavam, muito maiores do que aqueles que eram estimados pela União Europeia e destroem a
política de austeridade com o efeito recessivo que induzem. Mas isso o senhor já experimentou ao longo dos
últimos dois anos, não era preciso que o Banco de Portugal, a posteriori, viesse reconhecer também o erro,
que foi também do Banco de Portugal no aconselhamento que lhe deu para duplicar essa austeridade.
Depois de dois anos de falhanço, estalou a crise política. Vítor Gaspar abandona com estrondo, acusando-
o de falta de capacidade de liderança e de falta de condições políticas para continuar a implementar a política,
que, aliás, estava a destruir o País.
Aplausos do PS.
A crise política instala-se com o pedido de demissão do Ministro dos Negócios Estrangeiros, também ele
confirmando que este Governo estava ferido de morte na sua legitimidade. Pelo menos, essa formação do
Governo só pode estar ferida de morte, porque estão aqui ministros que se demitiram, não tendo o senhor
aceite a demissão, proposto outros nomes e não tendo o Presidente da República aceite a remodelação. Este
é um Governo sem quaisquer condições políticas para continuar a governar este País!
Aplausos do PS.
Esta é uma situação de forte degradação das instituições. Porém, o PS não faltou ao seu País, o PS,
perante esta degradação, perante a crise política mais grave que os senhores induziram em Portugal — dois
anos a dar cabo do País, com o corolário de uma crise política gravíssima! —, teve que acudir a Portugal,
estar disponível, como estamos sempre, para o nosso País, para, de cabeça erguida, dar contributos para
procurar resolver a gravíssima crise política em que colocaram o País. Porque Portugal está primeiro, porque o
PS não abandona Portugal e nunca está fora da procura de soluções para o seu País!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Bloco de Esquerda.
Sr. Deputado João Semedo, tem a palavra.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo: Acabo de
tomar conhecimento de uma boa notícia para o País, infelizmente uma má notícia para o Governo.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade!
O Sr. João Semedo (BE): — A justiça acabou, há poucos minutos, de impedir o encerramento da MAC
(Maternidade Alfredo da Costa).
Aplausos do BE e de Deputados do PS.
Finalmente, alguma luz e alguma lucidez, durante estes dois anos, faltou ao Governo para tratar do
problema da Maternidade Alfredo da Costa.