19 DE JULHO DE 2013
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A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — O esforço de consolidação orçamental tem sido significativo.
Em termos estruturais, dois terços do ajustamento estão já concluídos. Mais ainda: o cumprimento de todos os
limites fixados para o défice e para a dívida contribuiu para a acumulação de credibilidade e confiança junto
dos nossos credores. A disciplina orçamental foi reforçada e a transparência foi aumentada.
Após a iminência de bancarrota em 2011, iniciou-se a reconstrução das condições de financiamento da
economia. A estabilidade do sistema financeiro foi reforçada. A credibilidade e a confiança acumuladas
permitiram a recuperação gradual da capacidade de financiamento do Tesouro. Em maio, a emissão de dívida
a dez anos demonstrou como o processo de regresso aos mercados estava mais avançado do que
inicialmente previsto. Porém, os acontecimentos das últimas semanas provam que a situação é ainda frágil. A
credibilidade e a confiança são ativos preciosos que levaram muito tempo a construir, mas que se podem
perder muito rapidamente. São ativos que exigem a persistência no esforço de ajustamento.
A transformação estrutural está a criar as bases necessárias para uma economia mais aberta, mais
dinâmica e mais competitiva.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças: — Entre as iniciativas já lançadas, destacam-se as reformas
no mercado de trabalho, no mercado do produto e no sistema judicial. Foram ainda criadas condições mais
atrativas para a atividade empresarial. Por sua vez, o programa de privatizações tem reforçado o
posicionamento estratégico do País e contribuído diretamente para a captação de novas fontes de
financiamento. E transformou relevantes investidores internacionais em parceiros ativos e empenhados no
desenvolvimento do nosso País.
De facto, muito já foi feito. Mas há também muito por fazer.
Ainda em 2013, a prioridade é relançar o investimento produtivo e dar início à recuperação da atividade
económica. A prioridade é esta porque abre o caminho à criação de mais e melhores empregos. O
desemprego é um custo social pesado que não podemos aceitar. E nesta nova fase, em que os principais
desequilíbrios já estão corrigidos, Portugal pode centrar os esforços na promoção do crescimento. Os
resultados do 1.º trimestre e os indicadores de conjuntura mais recentes são favoráveis. Porém, persistem
riscos e incertezas, que impõem uma determinação contínua em torno do ajustamento.
No médio e no longo prazos, os desafios são ainda maiores. A última fase do ajustamento português
corresponde à transição para o crescimento sustentado e criador de emprego. Esta fase exige o cumprimento
de duas condições fundamentais: a estabilidade financeira e a sustentabilidade das finanças públicas.
A estabilidade financeira é essencial para garantir o acesso regular e estável ao financiamento. A
sustentabilidade das finanças públicas é indispensável para fazer face a uma restrição financeira severa. Cabe
a Portugal decidir o caminho a seguir.
Portugal pode escolher a responsabilidade ou escolher irresponsabilidade. Pode aceitar a exigência do
presente e alcançar um crescimento sustentado ou ceder à tentação de voltar ao facilitismo do passado. Pode
concluir a transformação necessária para participar na área do euro ou negar de vez o projeto europeu.
Ambas as opções têm custos, ambas as opções têm repercussões. Os portugueses merecem verdade e
transparência nestas consequências. As forças políticas devem ter presentes os compromissos que
assumiram no passado. Em particular, devem ter presente que está em causa a permanência de Portugal no
euro e na União Europeia.
No imediato, a alternativa do incumprimento parece a alguns mais apelativa, mas significaria desperdiçar
os sacrifícios dos últimos dois anos e ignorar os sinais de recuperação que se começam a manifestar e traria
consigo custos que dificilmente conseguimos imaginar.
Não é tempo de ceder a tentações ou fazer desvios. É tempo de assumir responsabilidades e assegurar o
sucesso de Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.