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I SÉRIE — NÚMERO 114

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A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para fazer perguntas, os Srs. Deputados José Junqueiro, pelo PS,

Duarte Pacheco, pelo PSD, Paulo Sá, pelo PCP, João Pinho de Almeida, pelo CDS-PP, e Heloísa Apolónia,

por Os Verdes.

Antes de dar a palavra ao Sr. Deputado José Junqueiro, quero informar que a Sr.ª Ministra responderá em

conjunto aos pedidos de esclarecimento.

Tem a palavra Sr. Deputado.

O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra das Finanças, começaria por lhe dizer que o

Boletim de Estatística do Banco de Portugal, que saiu hoje, confirma que a dívida externa continua a aumentar

e, portanto, não coincide com as afirmações que a Sr.ª Ministra acabou de produzir.

Segunda nota: a Sr.ª Ministra falou agora como se tivesse chegado agora ao Governo e não tivesse

partilhado durante estes dois anos a responsabilidades das Finanças com o Sr. Ministro Vítor Gaspar, que

escreveu uma carta de demissão dizendo que tinha falhado, que havia falta de confiança na capacidade de

liderança do Sr. Primeiro-Ministro e também porque o Governo já não possuía condições internas para

continuar.

Neste contexto, Sr.ª Ministra, com o é que consegue conciliar este seu passado recente com este seu

futuro tão incerto e que decorre de uma enorme confusão que reina em todo o Governo?

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do PSD.

Tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco.

O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra das Finanças, começo por saudá-la pela sua

serenidade e pela sua determinação.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Aquilo que aqui demonstrou é aquilo que o País precisa neste momento:

bom senso, sentido de responsabilidade, determinação no rumo a prosseguir para Portugal.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

E, Sr.ª Ministra, o que nos salientou foi aquilo que todos os portugueses compreenderam com a crise

institucional que vivemos há cerca de duas semanas.

Há resultados, há resultados na economia, no equilíbrio externo, na credibilidade conquistada, há

resultados nas taxas de juro que vinham a baixar, há resultados que evidenciam que a credibilidade deste

Governo foi transmitida a todos aqueles que olham para Portugal, e isso resultou na credibilidade do País.

Mas bastou o receio de que a crise política em Portugal se tornasse uma verdadeira crise política para

todos os portugueses perceberem como estes resultados alcançados ainda estão «presos por pinças» e que o

esforço de mais de dois anos de sacrifícios pedidos aos portugueses, o esforço pedido às empresas, o esforço

pedido às famílias, o esforço pedido à Administração Pública, tudo pode ser perdido, tudo pode ser deitado

abaixo.

É por isso que o sentido de responsabilidade tem de imperar, o sentido de responsabilidade tem de estar

aqui presente, como aqui a Sr.ª Ministra nos demonstrou, porque a opção é clara.

Permita-me que evidencie a incongruência da oposição, porque, por um lado, diz «Somos contra mais

austeridade, somos contra os cortes», o que significa que estão a favor do aumento das metas do défice, mas

esquecem-se que mais défice significa mais dívida, porque logo a seguir, cinco segundos depois, como agora

ouvimos, vêm criticar-nos dizendo que a dívida está a aumentar.

Costuma dizer-se: entendam-se de uma vez se querem mais défice e automaticamente mais dívida ou se

querem menos défice e, então, têm de dizer no concreto, não em conversas de generalidade, conversas de