I SÉRIE — NÚMERO 3
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A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da
Igualdade, Sr. Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Sr.as
e Srs. Deputados: Gostaria
de começar por saudar os autarcas presentes e todos aqueles e todas aquelas que têm lutado pela
manutenção deste importante serviço e do património genético animal das raças portuguesas — a Lusitana, a
Sorraia e a Garrano — na esfera pública.
Este assunto que hoje vem a debate, através da apreciação parlamentar promovida pelo Partido Socialista,
não pode deixar de fazer-nos refletir sobre um aspeto importante em relação à política seguida pelo atual
Governo, mas também pelo Governo do Partido Socialista.
Por um lado, há uma saga privatizadora, pega-se em setores públicos de importância fundamental não só
para a economia como para o património do nosso País, no seu coletivo, e privatiza-se. Constitui-se uma
fundação e privatiza-se! Depois, quando começam os problemas, retorna ao Estado para resolver todos os
problemas. Não deixa de ser, de facto, um bom exemplo das políticas seguidas pelos últimos Governos.
Todavia, Sr.as
e Srs. Deputados, se, por um lado, a parceria público-privada que existia não era nem a
garantia do desenvolvimento do património genético animal nem a garantia do bom funcionamento deste
serviço, por outro lado, também o Decreto-Lei n.º 109/2013, agora em apreciação, não resolve nenhum destes
problemas.
Desde logo, o Decreto-Lei não resolve o problema da falta de recursos, e é preciso garantir que existem os
recursos para que se mantenha em funcionamento, no concelho de Alter do Chão, uma atividade de há tantos
anos e que é tão importante para o concelho.
Este Decreto-Lei também não garante, de modo algum, a situação dos trabalhadores e das trabalhadoras,
aspeto que deveria ser devidamente acautelado e que preocupa a bancada do Bloco de Esquerda.
Neste sentido, o Bloco de Esquerda votará favoravelmente os projetos de resolução para a cessação da
vigência deste Decreto-Lei, mas compromete-se no debate e na procura de soluções eficazes no sentido de
garantir que esta atividade fique exclusivamente no domínio público.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Isaac.
O Sr. Manuel Isaac (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado das Florestas e
Desenvolvimento Rural, Srs.ª e Srs. Deputados: O PS está agora muito preocupado com a situação da
Coudelaria Alter Real e com a Fundação Alter Real (FAR), mas foi o grande responsável por esta instituição
centenária ter chegado ao estado calamitoso a que chegou.
Conforme a Inspeção-Geral de Finanças apurou no relatório à FAR, a situação económica e financeira da
Fundação foi desequilibrada desde a sua criação, em 2007. Para esta situação de desequilíbrio terá
contribuído o passivo de cerca de 2,5 milhões de euros, transferidos, logo em 2007, do Serviço Nacional
Coudélico para a FAR.
A dotação orçamental inicial do Estado, no montante de 790 000 € já se encontrava esgotada no momento
de criação da FAR face aos gastos assumidos pelo ex-SNC até à data dessa criação.
A debilidade financeira da Fundação veio a ser comprovada pelo relatório da Inspeção-Geral de Finanças,
no qual se identificou: gestão pouco criteriosa; ausência de estratégia; esforço financeiro do Estado acumulado
orçado em 14,2 milhões de euros; acumulação de passivo superior ao ativo em 1,1 milhões de euros;
responsabilidades não cobertas com fundos próprios no montante previsto de 5,26 milhões de euros.
Em agosto de 2012 foi convocada, pela Ministra da Agricultura e do Mar, uma reunião com o Conselho de
Fundadores da FAR, na qual foi comunicada a indisponibilidade financeira do Estado em prosseguir o apoio e
a extinção da Fundação, nos seus termos atuais.
É certo — e todos nós sabemos — que alguns fundadores manifestaram oposição à extinção da FAR,
tendo assumido a intenção de apresentar um plano de viabilização da Fundação. No entanto, para além de
questões legais controversas suscitadas pelo plano de viabilização, foram suscitadas outras questões que
impediram este plano de avançar e que convém realçar: o business plan não reuniu suficiente confiança,
subsistiam dúvidas quanto ao esquema de financiamento; o plano não apresentava garantias suficientes de