I SÉRIE — NÚMERO 4
44
uma empresa que é saudável, mas que tem grandes problemas de gestão. O Sr. Deputado Bruno Dias esteve
comigo, várias vezes, em reuniões de comissão, avaliando essa mesma gestão e fez fortes críticas à mesma,
apesar de ser empresa pública.
Portanto, o que dizemos é que precisamos de um bom contrato de concessão; precisamos de ter cuidado
com esta privatização; precisamos de ter um regulador forte; precisamos de acompanhar a mudança de
mercado; precisamos de internacionalizar a nossa economia; precisamos de captar capitais para Portugal; e
precisamos de não ter receio de jogar em mercado aberto, em mercado livre e, ainda assim, adaptar esse
serviço, que tem perdido procura, à realidade modernizando-o.
Os clientes dos serviços dos CTT têm andado mais depressa, têm sido mais diligentes, têm sido mais
modernos do que as próprias bancadas da esquerda e do que o próprio Partido Socialista.
Não haja receios, haja alguns cuidados.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Concluo Sr.ª Presidente, dizendo que era disso que devíamos estar a
tratar hoje, mas, infelizmente, não foi disso que estivemos a falar.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Quer voltar ao século XV!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado Luís Menezes, tem a palavra para uma intervenção.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados: O que
nos traz a esta Sala é o debate de projetos de resolução para cessação de vigência do decreto-lei que aprova
o processo de privatização dos CTT.
A questão é muito simples: para além de ideológica, é quase um problema factual que se prende com a
metodologia de gestão que a esquerda mais à esquerda vê que deve ser aplicada para um conjunto de
serviços que, normalmente, têm de ser oferecidos em monopólio, pelas próprias características dos setores.
Ora, o que estão aqui a dizer é que a privatização dos correios vai pôr em causa o serviço público.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Já está a pôr!
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Mas, tanto quanto sei, a luz que, hoje em dia, ilumina esta Sala é um
serviço público prestado por uma empresa 100% privada,…
Protestos do PCP e do BE.
… os telefones que usamos — a minha rede não é a PT! —, das várias redes, estão baseados numa
obrigação de serviço público que é gerida e averiguada constantemente por um regulador forte, que é a
ANACOM.
E, Sr. Deputado Bruno Dias, aquilo que criticou, hoje, por causa da fusão da PT com a Oi, mostra bem a
visão que os senhores têm. Num momento em que em todo o mundo as empresas de telecomunicações estão
a passar por processos de fusão e aquisição, porque a escala é um fator determinante no sucesso dessas
empresas, a PT faz uma fusão com a Oi, onde fica garantido que os negócios da PT continuam a ser geridos
em Portugal,…
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.
… a produzir riqueza em Portugal, o know-how da PT pode ser exportado para outras empresas e para
outros mercados, com a dimensão que a nova empresa vai ter,…