3 DE OUTUBRO DE 2013
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O Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações (Sérgio Monteiro): —
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Julgo, se a memória não me falha, que é a terceira vez que temos este
debate e, Sr. Deputado Bruno Dias, não surgiu um argumento novo, da parte do PCP, porque todos os
argumentos foram rebatidos, em todos os outros debates. Tinha esperança de que, hoje, houvesse algo de
novo, mas não houve.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não ouviu com atenção!
O Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações: — Então, Sr. Deputado,
repito: independentemente de quem for o acionista, quer se mantenha o Estado, para o futuro, porque a
privatização não tem sucesso, quer seja um privado, a qualidade do serviço universal postal nunca estará em
causa,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Já está!
O Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações: — … porque essa
qualidade do serviço não só é definida na lei, como, depois, na sua aplicação, não deve haver interferência do
Governo, mas, sim, do regulador independente que tem a tutela sobre as condições de mercado e a prestação
do serviço na área das comunicações postais, que, neste caso, é a ANACOM. É a ANACOM que verificará,
face às obrigações de serviço que ficarão no contrato de concessão e que são iguais às obrigações que
existem hoje, qual é a densidade da rede, isto é, o número de estações necessárias para que o serviço seja
prestado, qual é a qualidade do serviço e se essa qualidade está a ser prestada. Isto, sem qualquer
interferência do Governo, como deve suceder numa sociedade livre, aberta e democrática, em que órgãos
independentes, que têm competência técnica, tomam decisões nessa matéria.
A propósito do financiamento, entendamo-nos: foi este Governo que decidiu que o financiamento do serviço
universal deixa de ser assumido pelo Estado, indiretamente, através dos CTT, e é criado um fundo de
compensação, onde todos os operadores privados que prestam serviços equivalentes ao serviço universal
porão a sua contribuição anual para cobrir esse serviço. Aliás, o mesmo acontece nas comunicações
eletrónicas, onde, por decisão deste Governo, o Estado deixou de fazer o pagamento do serviço universal de
comunicações eletrónicas. Aqui, estão em causa as comunicações postais.
A verdade é esta e quaisquer outros fantasmas que sejam apresentados relativamente à privatização são
isso mesmo, fantasmas, não se materializam em riscos para o serviço à população.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Secretário de Estado das
Infraestruturas, Transportes e Comunicações, os fantasmas são sempre fantasmas no momento, mas,
passados 10 ou 20 anos, ficamos a saber as consequências daquilo que, na altura, eram só fantasmas. As
consequências das PPP eram só fantasmas; na altura da privatização da PT também eram só fantasmas.
O mínimo exigível a um Governo que privatiza uma instituição com 500 anos de existência, uma instituição
que é de todos, que tem um peso e um valor incalculáveis no desenvolvimento económico e social deste País,
é uma razão, uma explicação, um argumento, uma desculpa, se assim quiser.
Este Governo disse, várias vezes, que estava preocupado com a qualidade dos serviços públicos em
Portugal. Pois bem, como explica, então, a venda dos Correios de Portugal, uma empresa que é,
reconhecidamente, moderna, com especialidade na área e nas atividades que desempenha? Como explica a
privatização de uma empresa que é eficiente, e reconhecidamente eficiente?!
Este Governo, e disse-o várias vezes, está preocupado com a sustentabilidade de longo prazo das finanças
públicas. Diga-me, então, como é que justifica a privatização de uma empresa que, só em oito anos, teve 440